Discurso linha dura leva policiais a virar candidatos
Além da escalada da violência, Bolsonaro foi um dos fatores que impulsionaram os militares políticos
Eles tiraram as fardas para entrar na política. E ocuparão postos de destaque na disputa majoritária nos estados nas eleições deste ano.
Dois generais da reserva do Exército disputam governos estaduais. Um capitão e um major da PM vão tentar o Senado. E oficiais e praças da PM, delegados da Polícia Civil e agentes da Polícia Federal serão vices em pelo menos cinco estados.
Parte dos policiais já tinha carreira política e agora tenta um voo mais alto. É o caso dos deputados Marcelo Delaroli (PR) e Zaqueu Teixeira (PSD), ambos candidatos a vice-governador no Rio.
Zaqueu, que foi comandante-geral da Polícia Civil do Rio em 2002 e comandou as operações para prisão do traficante Elias Maluco, será vice candidato na chapa liderada por Índio da Costa (PSD). “Nosso estado precisa de segurança e eu tenho minhas credenciais de uma história sólida nesta área”, afirma Zaqueu.
Já o deputado Marcelo Delaroli (PR) fechou aliança com o senador Romário (Podemos), que também disputa o governo. A segurança pública do Rio de Janeiro está sob intervenção federal desde abril deste ano.
Em São Paulo, o governador Márcio França (PSB) e o candidato Paulo Skaf (MDB) terão como vices oficiais da PM. Em ambos os casos, são mulheres e sem experiência prévia com política.
Além da escalada da violência, a candidatura de Jair Bolsonaro à Presidência também foi um dos fatores que impulsionaram as candidaturas dos militares. Pelo menos cinco policiais filiados ao PSL disputarão governo, vice ou Senado nos estados. O exemplo é o Major Olímpio (PSL), que tenta o Senado.
Coautor de um estudo que aponta para o aumento da participação de militares em eleições do Brasil desde 1998, o cientista político Bruno Bolognesi, professor da UFPR (Universidade Federal do Paraná), afirma que as candidaturas de policiais costumam ter viés personalista e é resultado da recente escalada da violência.