Redes, hipocrisia e covardia
As redes sociais não tornam ninguém imbecil. Elas apenas expõem a imbecilidade das pessoas, que alimentam a ridícula impressão de que suas vidas têm importância ao resto do mundo.
Não se pode negar, porém, que elas tenham influência. Uma manipulação bem feita, com verdades ou mentiras, pode até ajudar a colocar um idiota na presidência dos Estados Unidos.
Nesta semana, o Corinthians teve de se render à força das redes. Ou, por outra, foi vítima da própria hipocrisia.
Depois de acertar verbalmente a contratação do atacante Juninho, de 19 anos, o clube foi inundado por um mar de hashtags. A campanha “#Juninhonocorinthiansnão” venceu, e o acordo verbal —irrevogável para qualquer pessoa de caráter— foi desfeito.
O departamento de captação de atletas alvinegro observou no piauiense um jogador com potencial. Mas, enquanto definia a chegada do reforço, o time fazia uma de suas vazias campanhas nas redes, comemorando o aniversário da lei Maria da Penha.
O busílis é que Juninho é acusado de agredir uma ex-namorada. Acusado, não condenado, diga-se. O Corinthians, porém, resolveu condenar o garoto —repita-se, um garoto de 19 anos— e anunciou, em nota oficial, que desistiu da negociação por causa do histórico negativo.
A contratação foi acertada. O atacante viajou a São Paulo para começar em seu novo emprego. E o patrão não só desistiu como divulgou que desistiu porque o profissional é tido como um agressor.
Juninho, agora, carrega um carimbo na testa. E tem toda a razão no plano de processar a agremiação do Parque São Jorge por danos morais.
Ele pode ter errado. Não sei. Mas não cabe ao Corinthians puni-lo, covardemente, escondendo-se na internet e fingindo lutar por uma causa.