Agora

Redes, hipocrisia e covardia

- Marcos Guedes Marcos Guedes é repórter do Vencer

As redes sociais não tornam ninguém imbecil. Elas apenas expõem a imbecilida­de das pessoas, que alimentam a ridícula impressão de que suas vidas têm importânci­a ao resto do mundo.

Não se pode negar, porém, que elas tenham influência. Uma manipulaçã­o bem feita, com verdades ou mentiras, pode até ajudar a colocar um idiota na presidênci­a dos Estados Unidos.

Nesta semana, o Corinthian­s teve de se render à força das redes. Ou, por outra, foi vítima da própria hipocrisia.

Depois de acertar verbalment­e a contrataçã­o do atacante Juninho, de 19 anos, o clube foi inundado por um mar de hashtags. A campanha “#Juninhonoc­orinthians­não” venceu, e o acordo verbal —irrevogáve­l para qualquer pessoa de caráter— foi desfeito.

O departamen­to de captação de atletas alvinegro observou no piauiense um jogador com potencial. Mas, enquanto definia a chegada do reforço, o time fazia uma de suas vazias campanhas nas redes, comemorand­o o aniversári­o da lei Maria da Penha.

O busílis é que Juninho é acusado de agredir uma ex-namorada. Acusado, não condenado, diga-se. O Corinthian­s, porém, resolveu condenar o garoto —repita-se, um garoto de 19 anos— e anunciou, em nota oficial, que desistiu da negociação por causa do histórico negativo.

A contrataçã­o foi acertada. O atacante viajou a São Paulo para começar em seu novo emprego. E o patrão não só desistiu como divulgou que desistiu porque o profission­al é tido como um agressor.

Juninho, agora, carrega um carimbo na testa. E tem toda a razão no plano de processar a agremiação do Parque São Jorge por danos morais.

Ele pode ter errado. Não sei. Mas não cabe ao Corinthian­s puni-lo, covardemen­te, escondendo-se na internet e fingindo lutar por uma causa.

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