Jovens usam rap para ensinar finanças a moradores da periferia
A falta de acesso da população negra e das periferias em relação a finanças pessoais despertou na economista Gabriela Mendes Chaves a vontade de fazer algo para ajudar.
No entanto, suas próprias vivências como mulher, negra e nascida na periferia indicavam que ela teria que ser estratégica para conquistar seu público alvo.
“Quem está à margem da sociedade não acredita que pode conseguir organizar as contas, sair do endividamento e fazer reserva”, diz.
Foi então que a paixão de Gabriela pelo rap se destacou dentre suas ideias para cativar o público. “O Racionais tem tanta importância no dia a dia da periferia, foi o primeiro show da minha vida, inclusive. As letras falam de escassez, desemprego e consumo, que estão presentes até os dias de hoje”, revela.
Para dar corpo à ideia, Gabriela convidou a contabilista Gabriella Gomes para unir forças. Em abril, as duas criaram a empresa de empoderamento financeiro Nofront.
A metodologia dos cursos usa dois discos da banda do Capão Redondo (zona sul). “Nada como um dia após o outro”, de 2002 e “Cores e Valores”, de 2014.
A assistente social Maria Aparecida Moura, 55 anos, fez um dos primeiros cursos do Nofront. Ela ficou tão encantada com a metodologia das aulas que fechou o salão de festas do prédio onde mora na Brasilândia para toda a sua família participar.
“A linguagem é acessível. Eu saí de lá com confiança e conhecimento para falar com o gerente do banco”, relata.
Para fazer os cursos, é preciso mandar um email para contato@nofront.com.br. Os preços são acessíveis (a partir de R$ 130) e também há bolsas de estudo.