Reforma no gogó
Os principais candidatos definidos à Presidência não negam que existe um rombo no caixa do governo, nem que serão necessárias medidas duras para consertar a situação. Já é um avanço.
Mas, pela conversa deles, fica até parecendo que dá para resolver tudo na base da canetada.
Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB) dizem que vão reequilibrar o Orçamento em dois anos. Na proposta que divulgou nesta terça-feira (14), Jair Bolsonaro (PSL) fala em um ano apenas.
É claro que nenhum presidenciável gosta de ficar prometendo sacrifícios para os eleitores. Melhor garantir logo um jeito no problema e partir para assuntos mais interessantes.
Os especialistas mostram, porém, que vai ser dificílimo tirar o Tesouro Nacional do vermelho tão rapidamente.
Para se ter uma ideia, o rombo esperado para o ano que vem é de R$ 139 bilhões (sem nem contar os gastos do governo com os juros de suas dívidas).
Pelo que se calcula, mesmo com uma grande reforma da Previdência o Orçamento só vai se ajustar em 2022, no fim do mandato do próximo presidente.
O pior é que nem Bolsonaro nem Alckmin explicam direito o que pretendem fazer. Ciro diz que planeja elevar impostos sobre os ricos, mas mesmo assim parece difícil a conta fechar.
É bom que todo mundo, incluindo Marina Silva (Rede) e a chapa do PT, ponha logo seus planos no papel, esclarecendo todas as dúvidas. Embromação pode até funcionar na campanha, mas depois vira crise no governo.
Ninguém vai fazer reforma, arrumar receita e cortar despesa na base do gogó.