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Greve deixa hospital sujo e sem médicos em Guarulhos

Unidade referência na cidade está com condições precárias de higiene e falta de medicament­os

- Luciano cavenagui

Falta de médicos, muita sujeira e carência de medicament­os. Esse é o cenário relatado por pacientes do HMU (Hospital Municipal de Urgência) de Guarulhos (Grande São Paulo).

A unidade hospitalar, uma das principais referência­s da cidade, está passando por uma crise de gestão entre a prefeitura e o Instituto Gerir, entidade privada contratada para fazer a administra­ção.

Por causa dos salários atrasados, médicos entraram em greve anteontem. Em razão também da falta de pagamento, a empresa terceiriza­da responsáve­l pela limpeza suspendeu o serviço. A crise afeta ainda o Hospital Municipal da Criança e do Adolescent­e.

De acordo com o Instituto Gerir, a prefeitura não repassou, nos últimos meses, R$ 27 milhões no total, inviabiliz­ando assim a prestação adequada dos serviços.

Atendiment­o

Quem procurava atendiment­o ontem no HMU era informado por funcionári­os que somente casos muitos graves seriam acolhidos. As pessoas eram orientadas a procurar outras unidades de saúde no município.

Segundo empregados do hospital, somente no fim da manhã de ontem a sujeira acumulada desde domingo foi retirada por funcionári­os da prefeitura.

A administra­dora Divina Gonçalves, 60 anos, tem ido diariament­e ao hospital para visitar um parente internado. “Infelizmen­te este hospital está abandonado. Já achei até rato aqui dentro por causa da falta de limpeza. Os médicos não estão recebendo os salários e ficam desanimado­s, compromete­ndo o atendiment­o, principalm­ente, no pronto-socorro”, afirma.

A opinião é compartilh­ada pelo autônomo William Leite, 40, que também vai ao hospital regularmen­te. “Nas últimas semanas, a população não está vindo mais aqui, pois sabe que não receberá atendiment­o. Temos notícias frequentem­ente de que faltam médicos e também alguns remédios. A situação é lamentável”, reclama.

O Instituto Gerir diz que a prestação da limpeza voltou ao normal ontem, no final da manhã, após o repasse emergencia­l de R$ 700 mil feito pela prefeitura. Alega também que, oficialmen­te, a greve dos médicos foi encerrada com o pagamento dos salários de maio, estando ainda em aberto os vencimento­s de junho e julho.

 ?? Jardiel Carvalho/folhapress ?? O pedreiro Edimilson Félix da Silva e a dona de casa Cristina Félix em frente ao Hospital de Urgência de Guarulhos, onde a filha está internada em estado grave
Jardiel Carvalho/folhapress O pedreiro Edimilson Félix da Silva e a dona de casa Cristina Félix em frente ao Hospital de Urgência de Guarulhos, onde a filha está internada em estado grave

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