Greve deixa hospital sujo e sem médicos em Guarulhos
Unidade referência na cidade está com condições precárias de higiene e falta de medicamentos
Falta de médicos, muita sujeira e carência de medicamentos. Esse é o cenário relatado por pacientes do HMU (Hospital Municipal de Urgência) de Guarulhos (Grande São Paulo).
A unidade hospitalar, uma das principais referências da cidade, está passando por uma crise de gestão entre a prefeitura e o Instituto Gerir, entidade privada contratada para fazer a administração.
Por causa dos salários atrasados, médicos entraram em greve anteontem. Em razão também da falta de pagamento, a empresa terceirizada responsável pela limpeza suspendeu o serviço. A crise afeta ainda o Hospital Municipal da Criança e do Adolescente.
De acordo com o Instituto Gerir, a prefeitura não repassou, nos últimos meses, R$ 27 milhões no total, inviabilizando assim a prestação adequada dos serviços.
Atendimento
Quem procurava atendimento ontem no HMU era informado por funcionários que somente casos muitos graves seriam acolhidos. As pessoas eram orientadas a procurar outras unidades de saúde no município.
Segundo empregados do hospital, somente no fim da manhã de ontem a sujeira acumulada desde domingo foi retirada por funcionários da prefeitura.
A administradora Divina Gonçalves, 60 anos, tem ido diariamente ao hospital para visitar um parente internado. “Infelizmente este hospital está abandonado. Já achei até rato aqui dentro por causa da falta de limpeza. Os médicos não estão recebendo os salários e ficam desanimados, comprometendo o atendimento, principalmente, no pronto-socorro”, afirma.
A opinião é compartilhada pelo autônomo William Leite, 40, que também vai ao hospital regularmente. “Nas últimas semanas, a população não está vindo mais aqui, pois sabe que não receberá atendimento. Temos notícias frequentemente de que faltam médicos e também alguns remédios. A situação é lamentável”, reclama.
O Instituto Gerir diz que a prestação da limpeza voltou ao normal ontem, no final da manhã, após o repasse emergencial de R$ 700 mil feito pela prefeitura. Alega também que, oficialmente, a greve dos médicos foi encerrada com o pagamento dos salários de maio, estando ainda em aberto os vencimentos de junho e julho.