Agora

Superminis­tério não faz milagre

-

Muita gente ficou indignada, por bons motivos, com a proliferaç­ão de ministério­s nos últimos anos.

No governo Dilma Rousseff (PT), foi atingido o recorde de 39 pastas no Executivo federal, dez a mais do que as existentes hoje. E 29 ainda não é pouca coisa.

Mas o problema maior nem é a quantidade. Mais grave é que a criação de tantos cargos não melhora em nada a administra­ção pública.

Pelo contrário: periga haver um monte de gente batendo cabeça (a maioria é escolhida por padrinhos políticos, não por competênci­a) e atrasando as decisões.

Só que é um engano achar que cortar ministério­s, como prometem fazer os presidenci­áveis Jair Bolsonaro (PSL) e Geraldo Alckmin (PSDB), vai ajudar a poupar muita grana do contribuin­te.

Como os servidores têm estabilida­de no emprego e os principais gastos (com aposentado­rias, educação, saúde) precisam ser mantidos, só dá para cortar mesmo os salários do ministro e de um ou outro assessor.

Bolsonaro também tem a ideia de criar um superminis­tério da economia, juntando vários órgãos existentes hoje.

Não há nada de errado nessa ideia, mas é ilusão imaginar que essa pasta vai ter poder para fazer grandes coisas sem as barganhas de sempre com o Congresso.

Para aprovar reformas e mesmo o Orçamento de todo ano, é preciso dos votos de deputados e senadores. Por isso, os ministros que se saem bem são os que contam com o apoio do Planalto nas negociaçõe­s mais difíceis. Essa é uma tarefa que o presidente não pode transferir para ninguém.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil