Aretha Franklin, a rainha do soul, morre aos 76 anos
Uma das maiores e mais versáteis vozes da história da música, cantora é vítima de câncer no pâncreas
“Eu já encontrei divas na vida. A maior delas é Aretha Franklin, e ela faz você esquecer que está diante de uma. Sentada ao piano, cercada de músicos, cantando e rindo, ela é mais um dos rapazes. É pura música.”
A frase de Keith Richards, dos Rolling Stones, é reveladora, mas é claro que a cantora americana nunca foi só um dos rapazes. Ela, que morreu ontem, aos 76 anos, vítima de um câncer no pâncreas, era a última diva em atividade neste século comparável ao trio de vozes supremas Billie Holiday, Ella Fitzgerald e Nina Simone.
Mais do que a voz poderosa, Aretha teve na versatilidade seu grande trunfo para se tornar a artista feminina a ter mais singles nas paradas de sucesso da revista “Billboard”. Foram 112 gravações, 20 alcançando o topo do ranking americano de rhythm and blues.
Ainda vendeu 75 milhões de discos em todo o mundo e colecionou estatuetas do Grammy. Ganhou 18 vezes o maior troféu da música.
A versatilidade fez Aretha exibir seu talento no soul, no jazz, no R&B, no rock, no funk e na música gospel, esta que foi seu primeiro ambiente sonoro. Nascida 1942, no sul dos EUA, era filha de um pastor. Ele a incentivou a gravar, aos 14, o seu primeiro álbum, “Songs of Faith”.
Lançado em 1956, tem apenas voz e piano, tocado por ela. No final dos anos 1950, revelou à família o desejo de cantar música pop. Ela foi contratada pela Columbia em 1961. Foram nove álbuns primorosos, mas sem sucesso popular.
A primeira grande virada na carreira veio em 1967, quando assinou com a Atlantic. Seu primeiro álbum é um dos principais discos dos anos 1960 —“I Never Loved a Man the Way I Love You”. O disco trouxe “Respect”, versão imbatível que fez para um single de Otis Redding lançado três anos antes. A canção, na qual ela diz que seu único pedido ao amante é que ele a respeite quando voltar para casa, passou a ser o cartão de visitas da cantora: ganhou dimensão de hino junto a movimentos feministas.