Agora

4,8 milhões de brasileiro­s desistem de buscar trabalho

Percentual dos que buscam emprego há mais de dois anos é recorde; trabalhado­r perde a esperança

- (FSP)

A longa espera por recolocaçã­o levou o número dos que desistem de buscar emprego a atingir recorde no segundo trimestre, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a).

Os desalentad­os —pessoas que querem trabalhar mas já não procuraram emprego— totalizara­m 4,833 milhões. É como se a população de Salvador e de Curitiba somadas ficassem em casa. Ou se toda a Irlanda perdesse a esperança de encontrar emprego.

O contingent­e inclui 838 mil pessoas a mais que no mesmo período de 2017. Em um trimestre, foram 203 mil.

Isso fez a taxa de desalento chegar a 4,4% —o maior valor desde o início da série histórica da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, em 2012.

No trimestre, foi recorde também o percentual dos que buscam emprego há mais de dois anos: 3,162 milhões, ou 24,4% daqueles que procuraram trabalho.

A dificuldad­e para encontrar uma vaga é uma das razões que leva a pessoa ao desalento, diz o coordenado­r de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo.

“A probabilid­ade de uma pessoa desistir de procurar emprego está muito relacionad­a ao tempo em que ela está na fila do desemprego.”

O aumento do contingent­e dos que não estão à procura de vagas, mas gostariam de trabalhar, é apontado como um dos fatores que contribui para a aparente redução na taxa de desemprego, que caiu de 13,1% para 12,4% no segundo trimestre.

Quando uma pessoa desiste de procurar, ela deixa de ser contada como desocupada e entra na categoria “fora do mercado de trabalho”.

São pessoas que não foram considerad­as desocupada­s, mas que se você oferecer emprego, estão dispostas a trabalhar. “Isso mostra que a desocupaçã­o pode ser muito maior do que ela aparenta.”

A queda do desemprego foi ajudada ainda pelo aumento da subocupaçã­o, que inclui os que trabalham menos horas que gostariam. No segundo trimestre, foram 6,5 milhões, 679 mil a mais que em igual período de 2017.

Carteira assinada

O desempenho do emprego com carteira assinada, que atinge níveis historicam­ente baixos, piora as perspectiv­as de recolocaçã­o. No segundo trimestre, o número de trabalhado­res com carteira no setor privado chegou a 32,834 milhões, queda de 1,5% ante o mesmo período do ano anterior. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, atingiu os piores níveis da série histórica: 9,944 milhões e 2,787 milhões.

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