Agora

Amor ostentação

- Vitor Guedes é jornalista, ZL, equilibrad­o e pai do Basílio

Futebol é o ópio da razão. Movimenta trilhões de euros nos bolsos de quem não liga a mínima para a cor da camisa, por causa do amor verdadeiro e gratuito de bilhões pelo time de coração. E até para quem se excita pelo poder e ama o esporte por causa do negócio é preciso entender que até para ganhar bolada com a bola tem de levar em conta que a paixão é estado imutável, não crédito consignado. Valor invariável. É o maior barato, meu caro. Dinheiro, ao contrário do materialis­ta ditado, não compra amor de verdade. Nem, pois, rivalidade. É assim em qualquer lugar do planeta bola, não seria diferente do arborizado, vitorioso e centenário lado oeste da cidade. Chantagem funciona em eleições, em conchavos, em cambalacho­s, mas, independen­temente da mudança do estatuto, não prospera em quem tem na lealdade padrão. Conselho à parte, se gritar, ficam milhões, irmãos de arquibanca­da. Aliança que sempre torce, às vezes, distorce, mas não tem nada ver com o resultado. O placar, seja ele qual for, não traduz nada quando o verdadeiro objetivo é subjetivo. A prioridade é ser, independen­temente de onde está. Torcer é parceria superavitá­ria que sempre ganha. Pobre de quem só enxerga vitória na grana. Fama não tem nada a ver nem o sabor de ostentar fibra, da raça, da gana. Para quem vê no campo seus amores e dissabores, até na derrota, é vantagem sofrer do lado de quem ama do que comemorar do outro lado. E que se lasque quem lucra e quem paga nos bastidores. Quem sabe bem o que vem pela frente sabe que o amor verde, há 104 anos, não tem nada a ver com verdinhas. “Explicar a emoção de ser palmeirens­e, a um palmeirens­e, é totalmente desnecessá­rio. E a quem não é palmeirens­e... É simplesmen­te impossível”... O eterno Joelmir Beting tem toda a razão, não é, dona Leila? Não é preciso entender para respeitar. E adotar como o principal rival não deixa de ser um ato distorcido de amor e fidelidade. Na vitória ou na derrota, vida eterna ao Dérbi! A dureza do prélio nos aguarda! Parabéns, Palmeiras!

Texto dedicado à saudosa Maria Apparecida Cantarelli Ruiz, minha vó Cida, a ovelha verde da família, que encarnou Palestra e desencarno­u “Parmera”.

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