Presidenciáveis prometem objetivos pouco realistas
Planos subestimam dificuldades impostas pela fragilidade das finanças públicas e contrariam previsões
Jair Bolsonaro (PSL) promete eliminar o rombo nas contas do governo federal em um ano. Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB) querem resolver o problema em dois anos. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Marina Silva (Rede) afirmam que vão acabar com o desmatamento.
Nenhuma dessas metas parece realista se for confrontada com a fragilidade das finanças públicas, ou o ritmo atual da destruição na Amazônia, mas isso não impediu que fossem incluídas nos programas de governo apresentados à Justiça.
Alguns dos objetivos definidos pelas plataformas de campanha são muito difíceis de alcançar, de acordo com análise feita com ajuda de especialistas nos documentos registrados pelos cinco competidores mais bem posicionados na corrida ao Planalto.
Projeções
O problema principal é que os planos dos presidenciáveis subestimam as dificuldades impostas pelo desequilíbrio nas contas do governo e pela lenta recuperação econômica. As projeções mais recentes sugerem que será muito difícil acabar com o deficit do governo antes de 2022, último dos quatro anos de mandato do próximo presidente.
A previsão é que o governo federal chegue ao fim deste ano com deficit de R$ 157 bilhões, completando cinco anos com o orçamento no vermelho. A falta de dinheiro obriga o Tesouro a tomar recursos emprestados no mercado para financiar despesas e fez sua dívida crescer rapidamente nos últimos anos.
O programa de Bolsonaro menciona privatizações e cortes de despesas e benefícios tributários concedidos a empresas como medidas para alcançar o equilíbrio das contas, mas as propostas são descritas em termos genéricos. Ciro defende uma redução de 15% dos incentivos das empresas, corte que dependeria da aprovação do Congresso. Sua equipe calcula que seria possível economizar R$ 40 bilhões com isso, insuficientes para pôr o orçamento no azul.
Alckmin, que promete restaurar o equilíbrio das contas públicas no mesmo prazo que Ciro, ainda não detalhou medidas que tomaria para alcançar a meta.
O programa apresentado pelo PT em nome de Lula diz que o deficit será eliminado com a volta do crescimento da economia, mas não estabelece metas nem detalha medidas.