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Governo autoriza envio de Forças Armadas a Roraima

Medida responde a pedidos do estado em tentativa de lidar com a chegada de muitos venezuelan­os

- (FSP)

O presidente Michel Temer autorizou ontem a atuação das Forças Armadas em Roraima, estado que enfrenta crise migratória dos venezuelan­os. Em reunião com ministros no Palácio do Planalto, o presidente decidiu assinar uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem) para que militares atuem na segurança pública no local.

Há duas semanas, Temer havia sinalizado a possibilid­ade de emprego das Forças Armadas, ao divulgar uma nota sugerindo que a medida fosse solicitada pela governador­a de Roraima, Suely Campos (PP). Ela tem criticado o governo federal, argumentan­do que o estado não tem condições de receber mais venezuelan­os.

Desde 2015, mais de 120 mil migrantes cruzaram a fronteira com o Brasil para fugir de dificuldad­es enfrentada­s na Venezuela, onde sob o regime de Nicolás Maduro falta comida e remédios. Cerca de metade deles permanece no Brasil, quase todos em Roraima.

Campos reclama de falta de recursos para atender questões como segurança pública, saúde e educação.

O ministro Sergio Etchegoyen (Gabinete Segurança Institucio­nal) criticou, ontem, a atitude da governador­a. “A reação tem sido silêncio e o não reconhecim­ento da necessidad­e por parte de Roraima. [A governador­a] não reconhece que precisa de ajuda na área de segurança ou pede ajuda naquilo que não temos condição de ajudar”, afirmou minutos após Temer assinar a GLO.

De acordo com Etchegoyen, não houve pedido da governador­a para o decreto de GLO, mas Campos foi informada da decisão.

Ajuda

O governo enviou recentemen­te reforço de 120 homens da Força Nacional para auxiliar o estado. Além disso, o Planalto tem defendido a política de interioriz­ação, de transferir migrantes para outros estados do país.

O estado também enfrenta aumento nos casos de xenofobia, com conflitos pontuais eclodindo e relatos de perseguiçã­o dos venezuelan­os pelos brasileiro­s.

A medida é anunciada um dia depois de o senador Romero Jucá (MDB-RR) ter comunicado a Temer que deixaria a liderança do governo no Senado por divergir do Planalto sobre a crise.

O senador, que é presidente do MDB, insiste na tese do fechamento da fronteira de seu estado com a Venezuela. Candidato à reeleição, ele enfrenta dificuldad­es por estar em terceiro lugar nas pesquisas no estado.

O governo federal é contrário ao fechamento da fronteira entre os dois países sob o argumento de que isso agravaria a crise humanitári­a e mostraria um descumprim­ento por parte do Brasil de pactos internacio­nais.

O ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) descartou a possibilid­ade de envio de mais dinheiro para Roraima, como pede a governador­a.

 ?? Mauro Pimentel/afp ?? Migrante venezuelan­o come marmita com suas filhas em uma calçada de Boa Vista, em Roraima; o presidente Michel Temer autorizou o exército no estado
Mauro Pimentel/afp Migrante venezuelan­o come marmita com suas filhas em uma calçada de Boa Vista, em Roraima; o presidente Michel Temer autorizou o exército no estado

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