Vaticano sabia de abusos, diz procurador americano
O Vaticano tinha conhecimento dos abusos sexuais cometidos por padres e acobertados pela igreja na Pensilvânia, afirmou ontem o procurador do estado, Josh Shapiro. Ele evitou, porém, estender as acusações ao papa Francisco.
“Não posso falar especificadamente sobre o papa Francisco”, afirmou Shapiro, em entrevista à rede de televisão NBC. “Temos evidências de que o Vaticano tinha conhecimento do acobertamento”, disse, sem detalhar quais seriam essas provas.
Greg Burke, representante do Vaticano, afirmou que, para se manifestar, precisava, antes, conhecer mais detalhes sobre as evidências.
Shapiro afirmou que 23 investigadores se debruçaram durante dois anos sobre documentos que descreviam os ataques. Saiu um relatório que aponta “que havia não apenas abuso sexual, estupro de crianças, mas um acobertamento sistemático que chegava até o Vaticano”.
Por causa do tempo transcorrido entre os abusos e a investigação, muitos padres e líderes religiosos que acobertaram os casos não podem ser processados, lembrou Shapiro.
Shapiro afirmou que, desde a divulgação do relatório, uma linha especial para receber denúncias de abuso clerical registrou mais de 730 ligações. O procurador afirmou que os investigadores estão em contato com cada uma dessas pessoas.
Depois da entrevista, um porta-voz de Shapiro ressaltou que os únicos documentos públicos são os que constam do relatório e que fazem menção ao suposto conhecimento do assunto por parte do Vaticano. “Todo o restante permanece selado pelo grande júri”, afirmou Joe Grace, o porta-voz.
Na entrevista desta terça, o procurador comentava uma carta publicada no domingo pelo arcebispo Carlo Viganò, ex-embaixador do Vaticano nos EUA, onde ele acusava o papa de acobertar as acusações desde 2013.