Agora

Chega de Exército

- Presidente: Editor Responsáve­l:

Sempre que o governo Michel Temer (MDB) não sabe como resolver um problema de segurança pública, chama as Forças Armadas. Acaba de fazer isso de novo, agora pela incapacida­de de lidar com o grande número de imigrantes venezuelan­os em Roraima.

Esse tipo de operação (Garantia da Lei e da Ordem, no jargão militar) está previsto na Constituiç­ão e já foi usado em outros quatro estados durante o curto mandato de Temer: Rio de Janeiro, Espírito Santo, Pernambuco e Rio Grande do Norte.

Até faz sentido utilizar o Exército, de vez em quando, para ajudar em crises agudas, como no caso do motim de policiais capixabas em fevereiro de 2017 ou, mais recentemen­te, da paralisaçã­o dos caminhonei­ros.

Mesmo assim, o mais adequado, nessas ocasiões, seria contar com um efetivo maior da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP), hoje formada por policiais cedidos pelos estados.

Pior ainda é o emprego de militares contra problemas crônicos, que só podem ser solucionad­os com decisões políticas, como o da segurança pública fluminense.

O risco é expor as Forças Armadas ao contato com o crime organizado. Não por acaso, a cúpula da caserna se queixa cada vez mais do excesso de intervençõ­es.

Embora esta nova operação em Roraima deva durar apenas algumas semanas e o Exército tenha treinament­o para questões de fronteira e policiamen­to ostensivo, parece haver uma confusão de diagnóstic­o do governo federal.

A União deveria, antes de tudo, contribuir para o primeiro atendiment­o aos imigrantes e seu transporte para outras cidades do país, em vez de buscar a falsa solução mágica das Forças Armadas. Grupo Folha

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