Agora

Museu de cinzas

- Presidente: Editor Responsáve­l:

O incêndio que destruiu o Museu Nacional, no Rio, serve como uma ilustração trágica da situação atual da decadência dos órgãos públicos no país.

A catástrofe, ainda por cima, ocorreu na cidade que foi capital do Brasil e hoje está mergulhada numa crise econômica e política.

Foram queimados na Quinta da Boa Vista o palácio de mais de 200 anos adotado como moradia por dom João 6º (e no qual foi assinada a independên­cia) e, tudo indica, quase todo um acervo de valor incalculáv­el.

Ali se encontrava, por exemplo, o crânio de Luzia. Esse era o nome do mais antigo fóssil humano do Brasil, com 12 mil anos.

Ao todo, o museu reunia mais de 20 milhões de itens, de múmias a vestígios de dinossauro­s. Ainda está por ser calculado o tamanho da destruição.

Mas, por mais que o episódio cause revolta, é engano (ou exploração política) colocar a catástrofe na conta de um único governo. O descaso com o principal museu da história e da pré-história do Brasil vem de anos, talvez décadas.

É claro que houve cortes de verbas nos últimos anos. Afinal, a enorme recessão que atingiu o país entre 2014 e 2016 derrubou a arrecadaçã­o em todos os níveis de governo.

Só que o problema não é o teto para a despesa criado para tentar reequilibr­ar o Orçamento. A questão é que o poder público gasta muito com algumas coisas (salários e aposentado­rias, por exemplo) e sobra pouca grana para outras.

O Brasil inteiro, incluindo o governo, as empresas e a população, não deu o devido valor ao Museu Nacional. Grupo Folha

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