Programa sem grana
Quem acompanha as notícias sobre as despesas do governo pode ficar confuso. Muitas vezes os especialistas repetem que, no Brasil, a União, os estados e as prefeituras gastam demais.
Só que, para todo lado, notamos as deficiências dos serviços públicos: nas escolas, nos hospitais, nas estradas, no policiamento. Isso para nem lembrar do Museu Nacional, que pegou fogo depois de muitos anos de manutenção precária.
Um levantamento recente mostra que 508 programas do governo federal, contando com R$ 9 bilhões previstos no Orçamento, ainda não receberam nenhum centavo neste ano.
Nesse conjunto de iniciativas há projetos tão importantes quanto a construção de penitenciárias e institutos de saúde voltados para mulheres e crianças.
Não é mentira que o governo gasta demais. Basta notar que os impostos no Brasil estão entre os mais altos do mundo, e nem assim a arrecadação é suficiente.
O problema está na distribuição dessa grana. Alguns setores e atividades levam mais do que deveriam. Outros ficam de pires na mão.
Claro, existe muita roubalheira, desperdício e mamatas para alguns poucos privilegiados. Mas não é só isso que está errado.
O custo do Judiciário brasileiro, por exemplo, é anormal. Há um excesso de servidores, e os salários estão muito acima dos padrões nacionais. Na Previdência, a despesa do país também já passa do razoável.
O Orçamento vai ser sempre um cobertor curto: cobre de um lado, descobre de outro. Nesta campanha eleitoral, mais do que nunca é preciso questionar de onde vai vir a grana para tantas promessas. Grupo Folha