Hospital faz 30 partos por mês de bebês dependentes
Crianças já nascem com dependência química desenvolvida na barriga da mãe usuária de drogas
Trinta crianças nascem ao mês no Hospital Maternidade Leonor Mendes de Barros, no Belenzinho (zona leste), com dependência química desenvolvida ainda no ventre de suas mães. O problema é chamado pela medicina de síndrome de abstinência neonatal. O hospital, do governo do estado e referência no assunto, faz 400 partos por mês em média.
A Secretaria de Estado da Saúde, da gestão Márcio França (PSB), não tem dados oficiais sobre a síndrome em toda sua rede, pois a enfermidade não é uma doença de notificação compulsória, como é o caso da dengue, por exemplo. Por isso, cada unidade conta com seus próprios critérios para avaliar e registrar esse tipo de caso.
Já a Secretaria Municipal da Saúde, da gestão Bruno Covas (PSDB), registrou entre 2008 e o primeiro semestre deste ano, 185 casos de internações de bebês ocorridas após diagnóstico de abstinência neonatal.
“A síndrome de abstinência neonatal é um assunto bastante extenso, complexo, pelo fato de cada caso ser diferente do outro”, afirma a médica neonatologista Luciane Mancini, que trabalha há 30 anos no Leonor Mendes de Barros.
Segundo ela, os casos mais complexos são os que as gestantes estão em situação de rua, muitas vezes por consumir drogas, principalmente o crack. “Nestes casos, a mulher engravida e mantém o uso da droga, até o momento do parto, quando é levada ao hospital sob o efeito dela em muitos casos”, diz.
Após o nascimento, o bebê apresenta os sintomas da abstinência, como alterações neurológicas, que resultam na oscilação de humor dos bebês, choro estridente e dificuldade para mamar.
Mesmo após o nascimento, os riscos de intoxicação continuam pelo leite da mãe usuária de droga.