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Nas ruas, trabalhado­res ganham menos do que um salário mínimo

- (CNC)

Em um carrinho de mercado com um guarda-sol pendurado, Maria Alcilene da Cunha, 36 anos, improvisou uma churrasque­ira para assar espigas de milho.

A unidade custa R$ 2,50, mas ela conta que, se o cliente pede um desconto, ela aceita na hora. “Essa é a única fonte de renda. Não posso perder a venda por conta de 50 centavos”, diz.

Desemprega­da desde o final de 2014, Maria encontrou nas ruas a alternativ­a para seu sustento. “Perdi as contas da quantidade de currículos que enviei e de trabalho que procurei quando fui demitida”, afirma.

Segundo ela, o salário que ganha é muito mais baixo se comparado com o que recebia em um emprego formal.

A situação financeira de Maria é semelhante a de todos os trabalhado­res dessa área. De acordo com a pesquisa do Dieese, a média salarial de um ambulante com menos de dois anos de profissão é de R$ 666.

Para eles, inclusive, não há garantia de direitos trabalhist­as nem um planejamen­to previdenci­ário.

Em relação ao ganho mensal, os trabalhado­res ambulantes também são vítimas da desigualda­de racial histórica do país.

Nas ruas, um homem e uma mulher não negros recebem, em média, R$ 935 e R$ 708, respectiva­mente. Já os mesmos trabalhado­res negros têm salário médio de R$ 696 e R$ 525.

Para Gustavo Monteiro, do Dieese, a população negra enfrenta o racismo em todas as esferas. “Para eles é mais difícil, por exemplo, chegar no ponto de venda. A maior parte vive nas periferias e áreas afastadas”, diz.

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Maria Alcilene da Cunha, 36 anos, perdeu o emprego em 2014 e cansou de procurar uma vaga formal; a saída foi vender milho na região central de SP

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