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Crianças aprovam produtos exibidos pelos youtubers

Pesquisa mostra que menores ignoram comerciais, mas que eles prestam atenção nos vídeos do canal

- (FSP)

Pesquisa de doutorado em comunicaçã­o e informação na UFRGS (Universida­de Federal do Rio Grande do Sul), desenvolvi­da por Maria Clara Monteiro, ouviu 40 crianças e descobriu que elas ignoram comerciais antes ou no meio de vídeos do Youtube, mas demonstram interesse quando o produto é mostrado por um youtuber.

As entrevista­s foram feitas com crianças de 8 a 12 anos em duas etapas. A primeira foi em três eventos de youtubers que reuniram centenas de fãs em Porto Alegre.

“Esses youtubers são vistos pelas crianças todos os dias, elas os consideram amigos. Então é como se fosse alguém próximo delas recomendan­do um produto legal”, afirma a pesquisado­ra.

A segunda foi em duas escolas públicas. Nas escolas, as crianças escolhidas iam mostrando os canais que mais gostavam, ao mesmo tempo em que eram entrevista­das. Francisco Machado Quevedo, 11, é uma das crianças que passa duas horas ao dia assistindo principalm­ente a vídeos de games. Morador de Porto Alegre, ele sonhava em ser youtuber e chegou a ter um canal.

Dentre os youtubers que mais apelam para o merchandis­ing, ela identifico­u Luccas Neto, 26 anos. Seu canal tem mais de 18 milhões de inscritos. Em dois casos, os donos mirins de canais comandaram no ano passado a campanha de pré-lançamento de uma boneca, recebida antecipada­mente do fabricante, antes de qualquer criança nas lojas.

Para Renata Kiling, pediatra e professora da UFRGS, o excesso de exposição aos vídeos também traz prejuízos sociais e cognitivos. “A criança fica vidrada naquilo, e pouco se pode discutir e interagir, porque é um conteúdo muito vazio”. Ao mesmo tempo, diz, ela deixa de fazer atividades como brincar, na prática, para ver outro brincando. A médica afirma que o acesso à internet deve ser restrito aos conteúdos, com a supervisão dos pais.

Via assessoria de imprensa, Luccas Neto afirma que há no mínimo três meses não faz mais merchandis­ing.

A assessoria de imprensa do Youtube afirma que é de responsabi­lidade dos criadores de conteúdo e das marcas “entender e cumprir com as obrigações legais de aviso de promoção paga inserida no conteúdo”. “As promoções pagas precisam estar em conformida­de com as políticas de anúncios”, diz.

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Marcos Nagelstein/folhapress Francisco Machado Quevedo, 11 anos, ao lado da mãe, Ana Paula Machado; morador de Porto Alegre (RS), o garoto passa duas horas por dia assistindo, principalm­ente, a vídeos sobre games no Youtube, após a escola
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Reinaldo Canato -3.set.2018/folhapress

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