Promotores que denunciam políticos serão investigados
Hoje, o governador de MS e candidato à reeleição, Reinaldo Azambuja (PSDB), foi alvo de buscas
O corregedor-geral do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público), Orlando Rochadel, determinou a abertura de uma reclamação disciplinar contra cada um dos promotores que atuaram em casos contra políticos em campanha eleitoral.
Ele deve enviar ofício aos promotores que apresentaram recentemente ações contra os presidenciáveis Fernando Haddad, do PT, e Geraldo Alckmin, do PSDB, e também contra aqueles que pediram a prisão do ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB), preso anteontem.
Num memorando enviado na noite de terça à corregedoria, o conselheiro do CNMP Luiz Fernando Bandeira de Mello pede que sejam apuradas eventuais irregularidades nas iniciativas dos integrantes do Ministério Público que apresentaram as denúncias contra os políticos em pleno período eleitoral.
Ele pede que seja analisado “o tempo decorrido entre a suposta prática dos crimes delituosos e a propositura das ações”, para saber se foram aceleradas para causar “eventual impacto nas eleições”. A decisão ocorre em meio a recentes operações e denúncias contra políticos em campanha.
Haddad, que assumiu a candidatura do PT, foi denunciado em três ações em quatro meses, todas derivadas da delação do empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC, que fez acordo de colaboração em 2015.
Já a recente ação de improbidade contra Alckmin, ajuizada no início do mês, causou celeuma entre membros do Ministério Público depois de o promotor responsável ter convocado colegas a participarem em peso da entrevista para anunciar a iniciativa, numa “demonstração de união”.
A iniciativa gerou reações, a começar pelos procuradores da Lava Jato, que na terça deflagraram operação cujo alvo também era a gestão de Richa no Paraná. Para eles, investigar os promotores é comparável a uma “mordaça”, numa “tentativa indevida de constranger o Ministério Público”.
Operação Vostok
O sócio da JBS Wesley Batista afirmou ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) que a empresa de carnes pagou R$ 70 milhões em propina ao governador do Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), atual candidato à reeleição, do início de 2015 ao final de 2016 em troca de benefícios fiscais.
Segundo ele e seu irmão, Joesley, os pagamentos foram tratados pessoalmente com o tucano.
Azambuja e outros políticos e empresários foram alvos ontem da Operação Vostok, deflagrada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal com autorização do ministro do STJ, Félix Fischer, relator do inquérito no tribunal. A defesa não falou.