Agora

Setembro amarelo

- Vitor Guedes é jornalista, ZL, equilibrad­o e pai do Basílio

Depressão não é brincadeir­a. É doença que aflige uma vítima, nunca um culpado. Não cura com limão, carqueja nem com a última saideira. Estado depressivo não tem graça. Nem é fabricado por etílica alegria. Não é frescura que possa ser curada na base da porrada. Ou da psicologia de botequim. Todo mundo, sem exceção, tem medo. Medos. Não é uma questão singular. Pagar de super-herói é cilada. A solução também não está em autoajuda chinfrim. A vida é uma sucessão de medos. Intermedia­da pelo gozo do alívio. Sofre mais quem tem medo de não vencê-los. Sofre menos quem goza, faz troça, da própria fraqueza. Mas medo, mais ou menos, todos temos. E podemos mais contra ele e sofremos menos quando reconhecem­os nossos limites. Bobagem todos já fizemos. Seguimos, pois, em frente, firmeza. Com leveza. É imperativo cairmos na real, sem competir com a feliz vida de mentira da rede social. Fã de Instagram? Nã, nã, ni, na, não. Tête-à-tête, olho no olho, cabeça no ombro, é muito mais legal. Nós, primeiro a pessoa, primeira pessoa do plural. A vida é sofrida, curtida no tato. O limite, como no banco, é individual. E quem sofre agora sempre precisa de proteção e compreensã­o social. De quem sofreu outrora. Não há milagre nem promessa que limpe SPC emocional. Quem sabe faz a hora. Não pode deixar o pior acontecer. Ajudar é uma troca de ganha-ganha. Nem tudo é grana. Ninguém deve nada a ninguém. É paradoxal. Mas devemos todos nos colocar na posição do nosso igual. Não há explicação. E, mesmo que houvesse, não explica nem leva a nada. Seja lá qual for o motivo, o objetivo é evitar o erro fatal. Cada um tem o seu martírio. E é papel de todos evitar que o sentimento alheio leve ao suicídio. Escutar, mesmo que não saiba exatamente o que falar, faz bem. Sem olhar a quem. Independen­temente da fé alheia, amém. Maravilha ou sofrimento, alegria ou lamento, a vida é bonita, é bonita e é bonita. Após o fracasso na Copa, a amarelinha voltou a campo em setembro com Neymar como capitão. Vocês se lembram que, segundo o próprio, não é fácil ser Neymar... Já pensou o mundo inteiro ver você receber amarelo por simular pênalti contra El Salvador? Parça, setembro amarelo é coisa séria!

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