Macaca de auditório
Quem ligou a televisão no fim do primeiro ou do segundo tempo de Palmeiras x Cruzeiro, na quarta-feira, deve ter se perguntado o motivo dos acréscimos. Só paralisações por força maior, como queda de energia ou atendimento médico estendido, justificariam os 15 minutos somados aos 90 regulamentares.
Mas não pararam de funcionar os refletores do moderno Allianz Parque. Também não houve qualquer lesão que fugisse à normalidade de uma partida de futebol.
A razão pela qual o confronto se arrastou tanto foi a aberração do árbitro de vídeo. E olha que Wagner Reway, o juiz de campo, não foi nenhuma vez até o monitor tirar dúvidas, o que teria lhe tomado mais tempo.
O paranaense usou o recurso de vídeo como muleta. Ao fim dos lances mais simples, ficava longamente com a mão no ouvido, compenetrado, apertando o fone do aparelho de comunicação e escutando as recomendações de seus colegas com acesso às imagens.
A coisa chegou ao ponto de o técnico do Cruzeiro, Mano Menezes, ver-se obrigado a oferecer uma orientação elementar a Reway: “Apita o jogo!”.
Custou, mas o juiz obedeceu. Já aos 53min da etapa final, soprou seu objeto de trabalho para marcar falta inexistente de Edu Dracena. Quando Antônio Carlos balançou a rede na sequência, o lance havia sido interrompido —motivo pelo qual, na jogada em que teria utilidade, o recurso do vídeo não pôde ser usado.
Os palmeirenses se revoltaram. Segundo eles, o árbitro não deveria ter apitado para ter a chance de consultar a imagem. Essa seria a recomendação da própria CBF.
Chegamos a isto: os lances devem ser disputados primeiro e arbitrados depois. Enquanto isso, o torcedor vibra ou lamenta como uma macaca de auditório, sem saber ao certo o que está havendo.