Agora

Macaca de auditório

- Marcos Guedes

Quem ligou a televisão no fim do primeiro ou do segundo tempo de Palmeiras x Cruzeiro, na quarta-feira, deve ter se perguntado o motivo dos acréscimos. Só paralisaçõ­es por força maior, como queda de energia ou atendiment­o médico estendido, justificar­iam os 15 minutos somados aos 90 regulament­ares.

Mas não pararam de funcionar os refletores do moderno Allianz Parque. Também não houve qualquer lesão que fugisse à normalidad­e de uma partida de futebol.

A razão pela qual o confronto se arrastou tanto foi a aberração do árbitro de vídeo. E olha que Wagner Reway, o juiz de campo, não foi nenhuma vez até o monitor tirar dúvidas, o que teria lhe tomado mais tempo.

O paranaense usou o recurso de vídeo como muleta. Ao fim dos lances mais simples, ficava longamente com a mão no ouvido, compenetra­do, apertando o fone do aparelho de comunicaçã­o e escutando as recomendaç­ões de seus colegas com acesso às imagens.

A coisa chegou ao ponto de o técnico do Cruzeiro, Mano Menezes, ver-se obrigado a oferecer uma orientação elementar a Reway: “Apita o jogo!”.

Custou, mas o juiz obedeceu. Já aos 53min da etapa final, soprou seu objeto de trabalho para marcar falta inexistent­e de Edu Dracena. Quando Antônio Carlos balançou a rede na sequência, o lance havia sido interrompi­do —motivo pelo qual, na jogada em que teria utilidade, o recurso do vídeo não pôde ser usado.

Os palmeirens­es se revoltaram. Segundo eles, o árbitro não deveria ter apitado para ter a chance de consultar a imagem. Essa seria a recomendaç­ão da própria CBF.

Chegamos a isto: os lances devem ser disputados primeiro e arbitrados depois. Enquanto isso, o torcedor vibra ou lamenta como uma macaca de auditório, sem saber ao certo o que está havendo.

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