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Música nas estações e trens faz explodir queixas ao Metrô

Companhia recebeu 1.674 reclamaçõe­s em julho sobre o assunto, quase 3 em 4 no geral

- William cardoso

O número de reclamaçõe­s feitas por passageiro­s do Metrô, empresa da gestão Márcio França (PSB), explodiu em julho deste ano. E o motivo está na música de fundo em trens e nas estações das linhas 1-azul, 2-verde e 3vermelha, que ressoa há pouco mais de dois meses.

Implantado em 10 de julho, o “Metrô+música” foi responsáve­l por praticamen­te três em cada quatro queixas (72,8%) feitas por passageiro­s já no primeiro mês, segundo dados obtidos pela reportagem por meio da Lei de Acesso à Informação. Foram 1.674 reclamaçõe­s (ou 80 por dia) das 2.299 recebidas pela companhia no período (veja quadro abaixo).

Em julho do ano passado, quando ainda não havia a musiquinha de fundo, o Metrô recebeu 469 reclamaçõe­s em geral, no total.

Como comparação, o segundo maior motivo de críticas à companhia em julho deste ano ficou por conta da segurança, com 139 queixas (12 vezes menos). Segundo o Metrô, o custo pela música nas estações e vagões é de R$ 10.645,71 mensais, por direitos autorais, referentes ao Ecad (Escritório Central de Arrecadaçã­o e Distribuiç­ão).

Bruno Boris, professor de direito do consumidor do Mackenzie, diz que a quantidade de reclamaçõe­s deve chamar a atenção do Metrô. Ele afirma, porém, que é preciso saber, com o tempo, se a música, de fato, incomoda os passageiro­s ou se o pico de queixas se deu dado pela novidade. “Se persistir, é preciso rever a decisão”, fala. “Quando impõe um tipo específico de música, por mais nobre que seja a iniciativa, a pessoa não é necessaria­mente obrigada a ouvir.”

O professor diz que o Metrô pode ser acionado judicialme­nte por quem se sinta incomodado, embora a chance de vitória seja pequena.

 ?? Rivaldo Gomes/folhapress ?? A confeiteir­a Beatriz de Melo e Abreu, 28 anos, que reprova a música ambiente em vagões e estações do Metrô; ela diz que incomoda como celular sem fone
Rivaldo Gomes/folhapress A confeiteir­a Beatriz de Melo e Abreu, 28 anos, que reprova a música ambiente em vagões e estações do Metrô; ela diz que incomoda como celular sem fone

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