Hospital do Tatuapé adia cirurgia por falta de material
Idosa esperou 30 dias, foi operada e morreu de pneumonia. Outra paciente aguarda desde 28 de agosto
Pacientes de ortopedia no Hospital Municipal do Tatuapé (zona leste), referência na área de traumatologia, esperam há pelo menos duas semanas para serem submetidos a cirurgias. O motivo da demora é a falta de materiais. Há casos de peças ortopédicas que, quando entregam, estão contaminadas, de acordo com familiares de uma paciente, o que obriga o médico a desmarcar o procedimento agendado e reagendado por inúmeras vezes.
A família da paciente Aurezina Maria Dias, 91 anos, afirma que a demora na cirurgia culminou na morte dela. Moradora da Vila Rica (zona leste de São Paulo), ela morreu anteontem, após 37 dias de internação.
A paciente havia sido levada ao hospital no dia 11 de agosto, após quebrar o fêmur em casa. Segundo um dos filhos de Aurezina, o professor Wilson Limeira Dias, 56 anos, em três vezes que a mãe foi encaminhada ao centro cirúrgico, retornou ao quarto sem que o procedimento fosse feito —duas porque o material estava contaminado e uma, em falta.
A idosa foi operada apenas na quarta vez, no dia 10. Depois, foi levada para recuperação na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e teve complicações pulmonares quatro dias depois. “A pneumonia só foi consequência do longo tempo em que ficou hospitalizada à espera da cirurgia”, diz o filho. A família registrou dois boletins de ocorrência.
Outro caso
A auxiliar de enfermagem Maria Cristina Montanari, 54 anos, moradora na Vila Curuçá (zona leste), até ontem aguardava a chegada de material para cirurgia no braço direito. Ela está internada na unidade desde o dia 28 de agosto. “Toda hora inventam uma desculpa. Uma hora é falta de material; outra não tem o aparelho para a cirurgia”, afirma a irmã de Maria Cristina, Márcia Sueli Montanari, 58 anos.