Lar com ‘mãe e avó’ fabrica ‘desajustados’, diz Mourão
Vice de Bolsonaro diz que é ‘preciso relevar’ suspeita sobre fraude nas urnas, e causa desconforto a aliados
O general da reserva Hamilton Mourão (PRTB), vice na chapa de Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência, afirmou ontem que famílias pobres “sem pai e avô” e com “mãe e avó” são “fábricas de desajustados” que fornecem mão de obra ao tráfico.
Durante palestra em São Paulo, ele correlacionou que considera dissolução da família por defensores de “agendas particulares que tentam impor ao conjunto da sociedade”. Esse é um argumento recorrente dos críticos da união homossexual.
“A partir do momento em que a família é dissociada, surgem os problemas sociais. Atacam eminentemente nas áreas carentes, onde não há pai e avô, é mãe e avó. E, por isso, torna-se realmente uma fábrica de elementos desajustados que tendem a ingressar nessas narco-quadrilhas”, afirmou.
Nas declarações políticas que deu, por sua vez, Mourão acentuou o mal-estar já existente com membros do círculo próximo de Bolsonaro. Acabou marcando uma visita discreta ao presidenciável, para acalmar ânimos, no hospital Albert Einstein (São Paulo), onde ele se recupera de um ataque a faca.
Antes, havia dito que a suspeita sobre a lisura da eleição devido à ausência de voto impresso, lançada por Bolsonaro em vídeo transmitido anteontem no Facebook, tinha de “ser relevada”.
“O homem quase morreu há uma semana, passou por duas cirurgias graves. O cara está fragilizado. Temos de relevar o que ele disse. O jogo é esse, e vamos jogar e ganhar no primeiro turno.”
Transitando pelo politicamente incorreto, criticou a política externa dos anos Lula. “Nós nos ligamos com toda a mulambada, me perdoem o termo, do lado de lá e de cá do oceano na diplomacia Sul-sul”, disse.
Citou então os casos de suspeitas de corrupção em financiamentos brasileiros a projetos na África e na América Latina, um dos eixos da política que buscava alternativas às parcerias tradicionais com EUA e Europa.
Depois, disse que usou o termo “apenas para o auditório ficar satisfeito”.