Aliados de candidato contestam nova CPMF
Brasília A sugestão de recriar um imposto aos moldes da CPMF, feita pelo guru econômico de Jair Bolsonaro (PSL), levou aliados do presidenciável a expor divergências em relação ao poder do economista Paulo Guedes em um futuro governo e a iniciar uma operação para descartar a possibilidade de aumento da carga tributária.
A ideia de Guedes exposta em reunião com empresários anteontem surpreendeu auxiliares do candidato. Embora sem citar a proposta, Bolsonaro recorreu logo pela manhã às redes sociais para falar em diminuição do número de impostos.
A um grupo restrito de nomes do mercado, Guedes disse que pretende recriar um imposto nos moldes da CPMF, que incide sobre movimentação financeira. Ele falou que quer ainda criar uma alíquota única do IR (Imposto de Renda) de 20% para pessoas físicas e jurídicas. Esse mesmo percentual seria aplicado para tributar lucros e dividendos. As propostas vão na contramão do que vem defendendo adversários de Bolsonaro, que falam em simplificação tributária.
Como reação à proposta da CPMF remodelada, os líderes da campanha começaram a diminuir a importância de Guedes em um eventual mandato. “O presidente é quem sempre decidirá o que é mais oportuno”, afirmou o deputado Major Olímpio (PSL), coordenador da campanha em SP. “Eu sou contrário à reedição [da CPMF] e o Bolsonaro já disse que também que é”, completou.
A reportagem procurou o economista ontem, mas ele não retornou os contatos. Aos jornais O Globo e O Estado de São Paulo, ele disse que não defende a volta da CPMF. Segundo ele, a ideia não seria a de criar nova tributação, mas substituir impostos federais.
Em outubro de 2007, quando o projeto de prorrogação da CPMF até 2011 chegou à Câmara dos Deputados, Bolsonaro votou contra nos dois turnos de votação. E atacou o imposto, que chamou de “cubanização”.