Saudade de Geraldão
Toninho Tarocco não foi a Itaquera com grandes expectativas no último domingo. Seu Corinthians vinha de duas partidas completas sem um chute no gol, e convinha combater qualquer manifestação de otimismo.
A bem da verdade, nem foi preciso combater o otimismo por muito tempo. Não demorou para que o Sport, penúltimo colocado do campeonato, abrisse o placar em um pênalti estúpido de Henrique.
O simpático senhor alvinegro, então, passou boa parte do jogo demonstrando sua irritação. Não dirigia seus xingamentos ao campo, sua ideia não era atrapalhar. Apenas resmungava, para quem estava perto, que era “melhor nem tocar a bola para o Clayson”.
Com Roger, o aborrecimento era ainda maior. “Nem o Geraldão perderia esse gol”, esbravejou, ao atestar a clara inferioridade do atual camisa 9 em relação ao dono do uniforme na segunda metade dos anos 70.
A falha do centroavante ao menos fez Toninho se recordar com carinho de outra época. “Geraldo Manteiga... Vi muito jogo dele no Pacaembu”, sorriu, pouco antes de bufar com um passe desastrado de Danilo Avelar.
Para surpresa do corintiano, Basílio apareceu no gramado no intervalo. Parceiro de Geraldão e herói da conquista do Campeonato Paulista de 1977, o Pé de Anjo divulgou promoção do clube e avisou: “Vamos virar”.
Ele estava certo. A vitória por 2 a 1 foi assegurada aos 44min do segundo tempo, com a cara do Corinthians. Clayson, aquele mesmo que não merecia receber a bola, cruzou. Avelar, que merecia menos ainda, completou.
Toninho colocou as mãos nos olhos, emocionado, e foi abraçado. O jogo valia pouco, e Roger é mesmo bem mais grosso do que Geraldo. Mas a camisa é a mesma. Na alegria e na dor, vestida por Basílio ou por Romero, ela faz o torcedor chorar.