Com briga na Justiça, voto de impeachment vive impasse
Com uso de liminares, conselheiros tentam impedir a sessão que vai decidir futuro do presidente santista
Horas antes do início da assembleia, marcada para a manhã do próximo sábado, o sócio do Santos pode não saber se vai votar ou não no impeachment do presidente José Carlos Peres.
Um conselheiro da situação conseguiu na Justiça liminar para barrar o processo de impedimento do cartola. Esta foi cassada horas depois. Os dois despachos foram do juiz Frederico Messias, da 3ª Vara Cível de Santos.
Fernando Turiani Fernandes obteve a primeira decisão. Alegou que a votação no Conselho Deliberativo que aprovou o impeachment deveria ser anulada. Este foi o passo anterior antes da assembleia de sócios, que terá a palavra final no assunto.
Messias recuou horas depois ao ser informado de que já existe uma ação na 1ª Vara Cível de Santos, aberta pelo próprio Peres. Na 1ª Vara, o pedido de liminar negado.
O presidente afirma não ter nada a ver com o processo aberto por Fernandes.
“Foi ação de um conselheiro que se sentiu prejudicado, mas não vamos perder o foco. Pensamos no sábado. Vamos ter uma votação grande. Eles [os sócios] têm duas opções: votar a favor e voltar ao passado ou seguir evoluindo”, disse o mandatário ontem, durante anúncio de novo patrocínio para o clube preto e branco.
Há também um terceiro processo, de autoria de outro conselheiro, que ainda não teve o mérito julgado.
O estopim
Peres é acusado de ser dono da Saga Talent e acumular a empresa de agenciamento de atletas com a presidência do Santos, o que é proibido pelo estatuto do clube.
O presidente diz que a companhia nunca emitiu uma nota fiscal, só existia no papel e foi fechada.
A situação diz que as presenças dos integrantes da Comissão de Inquérito e Sindicância não deveriam ser computadas. Assim, os votos para aprovar o impeachment no Conselho (75%) não teriam sido atingidos.
Para reverter um quadro político que parecia desfavorável, Peres tenta mostrar que a votação é um plebiscito do seu nome contra o do vice, Orlando Rollo. Os dois estão rachados desde fevereiro. Peres passou a acusar Rollo de estar ligado a administrações anteriores, como a de Modesto Roma Júnior, presidente até 2017.
O vice tem ido a programas de TV e dado declarações para dizer que não está sendo acusado de nada. Diz que se trata apenas de uma votação sobre irregularidades cometidas pelo presidente.