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Repúdio a Bolsonaro mostra interesse de torcidas na política

Quatro das principais torcidas organizada­s do país são contra Bolsonaro no pleito para a presidênci­a

- (FSP)

Seja apoiando candidatos próprios ou fazendo campanha aberta contra outros, as torcidas organizada­s dos principais clubes do país entraram com força no debate eleitoral visando ao pleito do dia 7 de outubro.

A primeira manifestaç­ão enfática em relação às eleições veio da Gaviões da Fiel, principal organizada corintiana, que divulgou nota em oposição à candidatur­a do deputado Jair Bolsonaro (PSL) à Presidênci­a da República.

“É importante deixar claro a incoerênci­a que há em um Gavião apoiar um candidato que, não apenas é favorável à ditadura militar, pela qual nascemos nos opondo, mas que ainda elogia e homenageia publicamen­te torturador­es, que facilmente poderiam ter sido os algozes de nossos fundadores”, diz nota divulgada pelos alvinegros, evocando seu passado de oposição à ditadura militar —no fim dos anos 1970, a torcida levou faixas para os estádios em defesa da anistia aos acusados de crimes políticos, por exemplo.

Em pouco tempo, a iniciativa gerou novas manifestaç­ões contra o deputado.

A Torcida Jovem, principal organizada santista, Os Imbatíveis, do Vitória, e a Jovem, do Sport, também fizeram as suas declaraçõe­s públicas contra Bolsonaro.

As manifestaç­ões foram bem recebidas por alguns torcedores, que comemorara­m nas redes sociais a oposição, mas também resultaram em críticas de outros.

Na próxima semana, a torcida Young Flu, do Fluminense, fará manifestaç­ão em relação às eleições presidenci­ais. Chico Guanabara, conselheir­o da organizada, diz que o grupo se oporá ao candidato “que tem ideologia voltada para o lado fascista”.

Torcidas neutras

Outras torcidas descartam apoiar ou repudiar candidatos a cargos majoritári­os.

A Mancha Alviverde, principal organizada do Palmeiras —clube para o qual Jair Bolsonaro torce—, afirma, em contato com a reportagem, que não indicará voto a candidato ao Executivo.

“A Mancha é apartidári­a”, disse André Guerra, presidente da torcida alviverde.

A organizada, contudo, deixou de lado a neutralida­de e se manifestou contrária a Major Olimpio (PSL) —mesmo partido de Bolsonaro—, candidato ao senado. De acordo com a torcida, “manchistas e organizada­s” não votam no candidato, que é autor da lei que tramita na Câmara dos Deputados em Brasília que, além de proibir a criação de novas torcidas extingue as já existentes.

O discurso é idêntico ao de Henrique Gomes de Lima, o Baby, presidente da torcida Tricolor Independen­te, do São Paulo. “Não somos nem esquerda e nem direita. Cada um tem o seu candidato.”

Em Minas, a Galoucura, torcida do Atlético-mg, e a Máfia Azul, colocam-se como neutras na disputa presidenci­al, assim como cariocas Raça Rubro-negra, do Flamengo, Fúria Jovem, do Botafogo, e Força Jovem, do Vasco.

No Rio Grande do Sul, a Geral do Grêmio tem um candidato próprio a deputado estadual, o Gaúcho da Geral (PSD). O grupo, porém, diz que não declarará apoio a candidatos à presidênci­a, assim como a Guarda Popular, mais numerosa torcida do Internacio­nal.

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Ivan Storti/santos Fc/divulgação Após a Gaviões da Fiel, a Torcida Jovem, do Santos, também se posicionou contrária à candidatur­a do deputado Jair Bolsonaro (PSL), à presidênci­a

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