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Delação de Palocci contra Lula e PT é liberada por Moro

Ex-ministro petista diz que campanha de Dilma Rousseff custou quatro vezes mais do que foi declarado

- (Bruna Narcizo, Estelita Hass Carazzai e Felipe Bächtold, da FSP)

O juiz Sergio Moro, responsáve­l pela Lava Jato no Paraná, tirou o sigilo ontem de trechos do acordo de colaboraçã­o de Antonio Palocci nos quais o ex-ministro afirma que campanhas anteriores do PT chegaram a custar até quatro vezes acima do declarado oficialmen­te.

A iniciativa de Moro ocorre a menos de uma semana da eleição presidenci­al, que tem o petista Fernando Haddad como um dos favoritos para ir ao segundo turno.

A medida despertou críticas do PT e do ex-presidente Lula, que fala em perseguiçã­o política.

No depoimento tornado público, Palocci afirma que a campanha do partido em 2010, na qual Dilma Rousseff foi eleita presidente , custou R$ 600 milhões, e a de 2014, R$ 800 milhões.

Os gastos oficialmen­te declarados, porém, foram de R$ 153 milhões e de R$ 350 milhões, respectiva­mente.

Palocci foi ministro da Fazenda de Lula (de 2003 a 2006) e da Casa Civil de Dilma (em 2011). Ele disse ter sido um dos arrecadado­res do PT, responsáve­l por tratar de “doações de grande porte junto a empresário­s”.

Os termos do compromiss­o firmado citam a possibilid­ade de uso das informaçõe­s do ex-ministro em cinco casos sob apuração, incluindo um inquérito sobre a hidrelétri­ca de Belo Monte.

Em um dos trechos do relato tornado público, Palocci afirma que teve uma conversa com Lula na qual conversara­m sobre crimes cometidos na Petrobras, em 2007.

O ex-ministro afirma que o Lula disse ter ficado sabendo de crimes cometidos pelos então diretores Paulo Roberto Costa e Renato Duque e o questionou a respeito. “A intenção de Lula era clara no sentido de testar os interlocut­ores sobre seu grau de conhecimen­to [sobre irregulari­dades na estatal].”

O acordo de colaboraçã­o de Palocci prevê a redução em até dois terços das penas aplicadas e a possibilid­ade de perdão judicial.

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Rodolfo Buhrer - 26.set.16/reuters O ex-ministro Antonio Palocci teve o sigilo de trechos de sua delação à Polícia Federal quebrados pelo juiz Sergio Moro; defesa diz que fala não tem provas

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