Delação de Palocci contra Lula e PT é liberada por Moro
Ex-ministro petista diz que campanha de Dilma Rousseff custou quatro vezes mais do que foi declarado
O juiz Sergio Moro, responsável pela Lava Jato no Paraná, tirou o sigilo ontem de trechos do acordo de colaboração de Antonio Palocci nos quais o ex-ministro afirma que campanhas anteriores do PT chegaram a custar até quatro vezes acima do declarado oficialmente.
A iniciativa de Moro ocorre a menos de uma semana da eleição presidencial, que tem o petista Fernando Haddad como um dos favoritos para ir ao segundo turno.
A medida despertou críticas do PT e do ex-presidente Lula, que fala em perseguição política.
No depoimento tornado público, Palocci afirma que a campanha do partido em 2010, na qual Dilma Rousseff foi eleita presidente , custou R$ 600 milhões, e a de 2014, R$ 800 milhões.
Os gastos oficialmente declarados, porém, foram de R$ 153 milhões e de R$ 350 milhões, respectivamente.
Palocci foi ministro da Fazenda de Lula (de 2003 a 2006) e da Casa Civil de Dilma (em 2011). Ele disse ter sido um dos arrecadadores do PT, responsável por tratar de “doações de grande porte junto a empresários”.
Os termos do compromisso firmado citam a possibilidade de uso das informações do ex-ministro em cinco casos sob apuração, incluindo um inquérito sobre a hidrelétrica de Belo Monte.
Em um dos trechos do relato tornado público, Palocci afirma que teve uma conversa com Lula na qual conversaram sobre crimes cometidos na Petrobras, em 2007.
O ex-ministro afirma que o Lula disse ter ficado sabendo de crimes cometidos pelos então diretores Paulo Roberto Costa e Renato Duque e o questionou a respeito. “A intenção de Lula era clara no sentido de testar os interlocutores sobre seu grau de conhecimento [sobre irregularidades na estatal].”
O acordo de colaboração de Palocci prevê a redução em até dois terços das penas aplicadas e a possibilidade de perdão judicial.