Votar em partido pode não ser útil nesta eleição
O voto em um partido para ampliar sua bancada de deputados pode não ser tão efetivo como foi nas eleições anteriores. A reforma no Código Eleitoral de 2015 criou limitações para evitar que puxadores de votos e registros na legenda ajudem a eleger candidatos sem votos.
A principal mudança é que, para se eleger, um candidato agora precisa atingir um mínimo de votos, independentemente das vagas que o seu partido tenha conquistado por meio da eleição proporcional.
Esse mínimo é estabelecido em uma conta simples: no caso da Câmara Federal, divide-se o número total de votos válidos registrados no estado do candidato pelo número de cadeiras a que aquele estado tem direito (São Paulo, por exemplo, tem 70 cadeiras). Se o candidato não tiver 10% do total que resulta dessa conta, ele não se elege.
Um exemplo: Fausto Pinato, com 22 mil votos, não teria sido eleito pelo PRB se o novo código estivesse em prática em 2014. O quociente eleitoral (número de votos válidos dividido pelo número de cadeiras) em São Paulo foi de 303.738 naquele ano. Isso significaria que apenas candidatos com mais de 30 mil votos seriam eleitos.
Para João Paulo Viana, cientista político e professor na Universidade Federal de Rondônia, não vale mais a pena votar na legenda. “Se estou votando em um partido, posso ajudar o candidato de outro partido a se eleger”, diz. Ele lembra que isso já podia acontecer antes, mas só quando os votos migravam dentro das coligações. O mínimo de 10% acrescenta o risco de que o voto em uma legenda seja útil inclusive a partidos adversários.
Isso acontece porque as chamadas sobras, que são as vagas não preenchidas justamente em casos como em que um candidato é impedido de assumir, serão disputadas com novo cálculo.