PMS demoraram duas horas e meia para registrar mortes
Caso é investigado sob suspeita de possível assassinato de quatro rapazes. Uma garota sobreviveu à chacina
Policiais militares demoraram cerca de duas horas e meia para fazer a comunicação sobre um suposto tiroteio que resultou na morte de quatro jovens na favela do Areião, no bairro do Jaguaré (zona oeste), no último sábado. O caso é investigado pela Ouvidoria das polícias e pela Corregedoria da PM como uma possível execução.
O boletim de ocorrência do caso, registrado no 91º DP (Ceagesp), indica que a ocorrência teve início por volta das 19h40, mas só foi comunicada às 22h12.
Segundo relatado pelos policiais da Força Tática (um soldado, um sargento e um cabo), eles perseguiam um Ford Focus preto, roubado, ocupado por cinco menores. Entre eles, estava uma jovem de 15 anos, que sobreviveu ao tiroteio.
Ela afirmou ontem, em depoimento ao DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa), que se fingiu de morta após seus quatro amigos, com idades entre 15 e 17 anos, serem executados pelos policiais.
Os PMS envolvidos na ocorrência, segundo a SSP (Secretaria Estadual da Segurança Pública), gestão Márcio França (PSB), foram afastados das ruas durante as investigações sobre o caso.
O carro ocupado pelos menores, ainda segundo os PMS, teria colidido em um muro, após entrar na favela do Areião. Os agentes ainda relataram que os jovens “saíram atirando” do veículo e, por isso, os policiais teriam revidado. Testemunhas, no entanto, afirmam que o carro não bateu e que os menores saíram do veículo com as mãos na cabeça.
Um vídeo de celular mostra que cinco disparos são feitos na favela, enquanto policiais não reagem aos tiros.
Morreram no local Mateus Damasceno Sá, 16 anos, Mateus Monteiro da Silva, 15 anos, José Jonhatan Marques da Costa, 17 anos, e Douglas Rodrigues Bezerra, de 15 anos. A SSP disse que foram apreendidos com os menores três revólveres e uma pistola.