Opinião tem limite
“Posso não concordar com nenhuma palavra que dizes, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-las”. Em tempos de ódio, discussões acaloradas, eleições, fake news e redes sociais, a frase atribuída ao filósofo iluminista Voltaire (ainda que sem comprovação) precisa ser considerada com ressalvas.
Não me refiro ao posicionamento político de jogadores de futebol, de vôlei ou de qualquer outro esporte. Lucas Moura, Jadson, Felipe Melo, Ronaldinho Gaúcho e até Neymar, por uma simples “curtida”, foram elogiados por alguns, mas, principalmente, estraçalhados por outros nas redes sociais por indicarem apoio a um candidato. Qual o problema?
Em situação oposta, o zagueiro Paulo André se recusou a vestir a camisa que fazia referência ao mesmo candidato enquanto o Atlético-pr entrava em campo, destoando do resto da equipe. Ótimo também.
Para um país que sempre se queixa da falta de engajamento político, de classe e social de seus atletas —basta lembrar dos craques que adotaram o silêncio ou ficaram em cima do muro quando o Bom Senso FC foi criado—, é importante que os jogadores se envolvam cada vez mais e comecem a discutir questões que envolvem o futuro do Brasil, independentemente do lado.
O problema é quando a crítica descamba para a discriminação e o preconceito. Dois jogadores do Goiás, Léo Sena e Elyeser, foram duros com os nordestinos por levarem a eleição presidencial ao segundo turno. O clube esmeraldino fez vistas grossas e não punirá os atletas, mas correu para colocar panos quentes e divulgou imagem de seus jogadores do Nordeste homenageando a região.
Tolerância, educação e respeito são fundamentais. Até para que o silêncio não volte a ser a maior contribuição dos atletas.