O preço do voto
Com o impacto das revelações da Lava Jato, os políticos tiveram de engolir o objetivo de baratear as campanhas eleitorais.
Os candidatos aos cargos em disputa no primeiro turno deste ano tiveram à disposição uma bolada de R$ 2,8 bilhões. Esse valor está longe de ser uma mixaria, mas aponta para uma redução considerável em relação aos R$ 6,4 bilhões, em valores corrigidos, gastos há quatro anos nos dois turnos.
Falta calcular, claro, qual vai ser a despesa com os confrontos finais ao Palácio do Planalto e aos governos de 13 estados; seria ingenuidade, ainda, imaginar que não tenha havido casos de caixa dois.
De todo modo, não há dúvida de que a tendência de encarecimento dos pleitos foi revertida.
De positivo, dá para dizer que os candidatos podem levar sua mensagem aos eleitores sem a necessidade de marqueteiros contratados a peso de ouro e uma superprodução na propaganda de TV.
A queda dos custos se deve à proibição, a partir de 2015, das doações de empresas, estabelecida de início pelo Supremo Tribunal Federal e depois aceita pelo Legislativo. A medida foi uma espécie de resposta aos escândalos de corrupção.
A reação do mundo político foi aumentar a fatia do Orçamento para financiar partidos e campanhas, que chegou a R$ 2,7 bilhões neste ano.
Também foi permitido que os candidatos banquem do próprio bolso os seus gastos eleitorais. Isso, no fim das contas, dá uma vantagem indevida aos muito ricos.
O ideal seria aprimorar essas regras. A liberação de doações privadas, impondo um limite de valor, poderia ser retomada, sem interferir no barateamento das campanhas. Grupo Folha