Bolsonaro nega controlar o uso ilegal de Whatsapp
Candidato diz que não pode agir sobre empresários que são simpáticos a ele; PSL quer processar PT
O candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, afirmou não ter controle sobre a compra de pacotes de mensagens de Whatsapp por empresas para disseminar material antipetista.
A prática, ilegal, foi revelada pelo jornal Folha de S.paulo ontem e levou o PT a entrar com pedido de investigação no Tribunal Superior Eleitoral (leia abaixo).
“Não tenho controle se tem empresário simpático a mim fazendo isso. Sei que fere a legislação. Mas não tenho controle, não tenho como saber e tomar providência”, disse Bolsonaro ao site O Antagonista.
O candidato sugeriu que as ações poderiam partir de detratores. “Pode ser gente até ligada à esquerda que diz que está comigo para tentar complicar a minha vida me denunciando por abuso de poder econômico”, disse.
A reportagem mostrou que empresas como a varejista Havan estão bancando pacotes de milhões de disparos de mensagens no aplicativo com conteúdo crítico ao PT e preparam uma megaoperação para a próxima semana.
O dono da Havan, Luciano Hang, negou à reportagem ter conhecimento da prática.
A revelação levou o PT a entrar com ação no TSE contra Bolsonaro e seu vice, general Hamilton Mourão; Hang; quatro empresas que trabalham com mensagens em massa citadas na reportagem (Quickmobile, a Yacows, Croc Services e SMS Market) e o Facebook, dono do Whatsapp.
Em redes sociais, seu habitat preferencial, Bolsonaro afirmou que o PT espalha notícias falsas e não é prejudicado por conteúdo mentiroso, mas pela verdade. “Roubaram o dinheiro da população, foram presos, afrontaram a Justiça, desrespeitaram as famílias e mergulharam o país na violência e no caos”, escreveu.
O PSL deve processar Haddad, afirmou o presidente do partido, Gustavo Bebianno.
Explicações
Além da investigação de abuso do poder econômico e suposto uso de caixa 2 — a compra dos serviços denunciados se trata de doação de campanha por empresas é vedada pela legislação eleitoral e não declarada— , o candidato do PT cobra explicações do Whatsapp.
“Cabe ao TSE tomar as medidas. Tem três personagens envolvidos: quem pagou [as mensagem], quem disparou, e o próprio Whatsapp, que é uma tecnologia, mas tem que estar a serviço da democracia”, disse Fernando Haddad, em entrevista à rádio Globo ontem.
“Tem que chamar o Whatsapp imediatamente, porque todo mundo está dizendo que tem uma encomenda de disparo [de mensagens contra minha candidatura] para a próxima semana.”