Falatório perigoso
Apenas três meses antes de conquistar um novo mandato na Câmara dos Deputados com a maior votação do país, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) se meteu a falar sobre a ideia absurda de fechar o Supremo Tribunal Federal. Foi o que se soube nos últimos dias.
“Você não manda nem um jipe. Manda um soldado e um cabo”, disse o parlamentar, numa palestra a alunos de um curso preparatório para a disputa de vagas na Polícia Federal, em Cascavel (PR).
Ele respondia a uma questão sobre o que aconteceria se o STF barrasse a posse de seu pai, Jair Bolsonaro, em caso de vitória no primeiro turno da eleição presidencial.
O palestrante duvidou que a corte poderia barrar a candidatura vitoriosa se julgasse, por exemplo, ter havido doação ilegal de campanha. “Se prender um ministro do STF, você acha que vai haver uma manifestação popular?”, questionou.
Se não tivesse partido do filho do presidenciável que lidera com folga as pesquisas, a fala passaria como fanfarrice. Infelizmente, há outros políticos capazes de dizer asneiras do mesmo naipe.
Vinda de quem veio, a declaração irresponsável provocou imediata reação de ministros do Supremo. Eles tiveram de repetir o que todo mundo já deveria saber: só existe democracia com respeito às leis e equilíbrio entre os Poderes.
Jair Bolsonaro disse que repreendeu “o garoto” (de 34 anos) e que tem respeito integral pelo Judiciário. Essa e outras manifestações de sensatez do presidenciável, entretanto, ainda não batem com seus discursos de palanque.
Ele promete prender adversários e ataca jornalistas, enquanto deveria estar explicando como governará se for eleito. Grupo Folha