Proposta de educação a distância pode gerar conflito de interesse
Os dois pilares do programa de educação de Jair Bolsonaro —a expansão do ensino a distância para crianças a partir de seis anos e o uso de vouchers nas universidades— geram dúvidas em relação aos custos e desconfiança quanto a possíveis conflitos de interesse de membros da campanha.
As propostas buscam responder a restrições aos investimentos em educação que, submetidos ao teto de gastos, não podem crescer acima da inflação.
Em campanha em agosto, Bolsonaro disse que a educação a distância ajudaria a “baratear o ensino no Brasil” e “combater o marxismo”.
Segundo seu programa de governo, a educação a distância “deve ser considerada como alternativa para as áreas rurais onde as grandes distâncias dificultam ou impedem aulas presenciais”.
Para Allan Kenji, pesquisador da Universidade Federal de Santa Catarina, tirar a criança do contexto escolar vai deixar lacunas.
O voucher funciona como uma bolsa para famílias de baixa renda escolherem a escola de seus filhos. Seria semelhante ao Prouni.
A ideia, disse Paulo Guedes, é que, aqueles que podem, passem a pagar a universidade pública e, quem não pode, levaria o voucher. Para especialistas, porém, a quantia seria insuficiente para arcar com vários cursos.
Outro ponto que preocupa especialistas é que os modelos beneficiam setores ligados a possíveis futuros integrantes do governo.
Stavros Xanthopoylos, cotado para comandar a Educação, passou parte da carreira na defesa do ensino a distância. É diretor da Abed (Associação Brasileira de Educação a Distância). Entusiasta do ensino a distância, Paulo Guedes tem apostado no setor, por meio de sua Bozano Investimentos.