Moro se diz honrado com possível convite de Bolsonaro
O presidente eleito afirma que indicará juiz da Lava Jato para ser ministro da Justiça ou do Supremo
Em nota publicada ontem, o juiz federal Sergio Moro afirmou que está honrado com a afirmação do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), de que o convidará para ser ministro da Justiça ou do STF (Supremo Tribunal Federal) no futuro.
“Caso efetivado oportunamente o convite, será objeto de ponderada discussão e reflexão”, disse.
Moro é o principal juiz da Operação Lava Jato no Paraná e foi quem condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no caso do tríplex do Guarujá, em 2017.
Em entrevistas a emissoras de televisão nesta segunda, Bolsonaro declarou que pretende indicá-lo ao STF ou ao ministério da Justiça.
Apesar das declarações, não houve, ainda, um convite pessoal ou oficial de Bolsonaro para o magistrado.
“Se tivesse falado isso lá atrás, durante a campanha, soaria oportunista, mas agora, sim: pretendo, sim [convidar Moro], não só para o Supremo, mas quem sabe para o Ministério da Justiça”, disse à TV Record.
“Pretendo conversar previamente com ele. Com toda certeza será uma pessoa de extrema importância [em meu governo]”, concluiu.
Ao SBT, o presidente eleito reforçou que Moro seria muito bem-vindo em seu governo. “Ele é uma pessoa excepcional, que goza de um respaldo muito grande da população e tem conhecimento. O Ministério da Justiça pode ser um parceiro no combate à corrupção”, justificou Bolsonaro.
Possibilidades
Amigos e pessoas próximas ao juiz afirmaram à reportagem que dificilmente ele largaria a magistratura para se aventurar no Poder Executivo, como ministro da Justiça.
Assumir uma vaga no STF, por outro lado, é um sonho do magistrado e representa um convite mais tentador.
Isso depende, porém, da abertura de uma vaga na Corte —o que, no atual cenário, só aconteceria em 2020, com a aposentadoria compulsória do ministro Celso de Mello, membro mais antigo do tribunal, que completará 75 anos daqui a dois anos.
Nesta semana, após a eleição, Moro parabenizou Bolsonaro, ainda que sem citálo nominalmente, e desejou que ele faça “um bom governo” e resgate a confiança da sociedade nos políticos.
Sua mulher, a advogada Rosângela Wolff Moro, também se manifestou favoravelmente à eleição do capitão reformado.
O aceno de Bolsonaro a Moro concretiza o flerte do capitão reformado com o juiz, símbolo da Lava Jato e do combate à corrupção.
Ao longo de toda a campanha eleitoral, Bolsonaro e outros candidatos como Alvaro Dias (Podemos) elogiaram Moro como forma de se posicionarem a favor da agenda de combate à corrupção.