PT quer soltura de Lula por ameaça à integridade física
Dois dias após a eleição de Jair Bolsonaro (PSL), o PT decidiu intensificar, ainda este ano, uma campanha internacional pela libertação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sob a justificativa de que sua integridade física está ameaçada.
Um dos argumento para a criação de uma rede de solidariedade pela liberdade de Lula, como foi batizada, é a recente declaração de Bolsonaro de que, por ele, o expresidente apodrecerá na cadeia. Anteontem, após reunião com a cúpula petista, a presidente do partido, senadora Gleisi Hoffmann (PR), afirmou que será feito um pedido de proteção.
“Tememos pela vida do presidente. Precisamos deixar um alerta à sociedade. Lula tem direto a um julgamento justo. Não tem ninguém que possa definir o que fazer com ele, sem antes seu processo ser julgado de forma justa”, alegou Gleisi.
Chefe de gabinete da presidência do PT, o ex-ministro Gilberto Carvalho afirma que, como presidente, Bolsonaro teria prerrogativa para piorar muito as condições carcerárias garantidas a Lula. “Não estou dizendo que ele vá fazer. Mas uma coisa é o comportamento formal [de Bolsonaro, como presidente]. Outra coisa é a energia que ele libera [a seus apoiadores]”, disse Carvalho.
A campanha não se restringirá a Lula. O PT vai propor uma instalação de um observatório internacional para proteção de militantes de esquerda, indígenas, negros e jornalistas durante o governo Bolsonaro.
Durante a reunião, o exprefeito Fernando Haddad foi reverenciado como portavoz da oposição ao futuro governo. Atendendo à recomendação de Lula, Gleisi afirmou que o PT vai dar todas as condições para que Haddad exerça papel de articulador para consolidação de uma frente de resistência.
Haddad ganha força
Segundo Gleisi, Haddad terá papel maior que PT, porque ele sai depositário da esperança e da luta do povo pela democracia”.
Apontada como rival do ex-prefeito nas disputas dentro do partido, Gleisi chegou a dizer que “depois de Lula, Haddad é hoje uma grande liderança do PT”.
Haddad falou ao partido no início da manhã, deixando ao meio-dia. Segundo participantes, o ex-prefeito se emocionou ao falar de sua família e dos ataques sofridos via Whatsapp durante a corrida presidencial.
Com voz embargada, o exprefeito pediu desculpas caso tenha cometido erros na condução da campanha. Disse que deu o seu melhor. E foi muito aplaudido quando, como olhos marejados, disse que gostaria de vencer a eleição pelo legado petista, pelo perigo que Bolsonaro representa.