Agora

Procurador­ia investiga caso de funcionári­a fantasma

O presidente eleito Jair Bolsonaro negou novamente o caso durante entrevista no Jornal Nacional

- Camila mattoso ranier bragon (FSP)

A Procurador­ia da República do Distrito Federal investiga a suspeita de ato de improbidad­e administra­tiva no caso da funcionári­a fantasma do gabinete do deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ), presidente eleito no domingo.

O caso, revelado pelo jornal Folha de S.paulo, está sob responsabi­lidade do procurador João Gabriel Morais de Queiroz. A investigaç­ão corre sob sigilo desde o começo de setembro. Se houver conclusão de que o parlamenta­r cometeu algum ilícito, ele deve ser acionado pelo Ministério Público.

A condenação por improbidad­e pode ter penas como a perda de bens obtidos ilicitamen­te, ressarcime­nto dos danos materiais, perda da função pública, suspensão de direitos políticos, multas e proibição de contratar com o poder público.

A Procurador­ia pediu esclarecim­entos para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que ainda não respondeu.

Procurada, a assessoria de Bolsonaro não se manifestou sobre a investigaç­ão até a conclusão desta reportagem.

Relembre o caso

A Folha revelou em janeiro que Bolsonaro usou dinheiro da Câmara dos Deputados para pagar o salário da assessora Walderice Santos da Conceição, que vendia açaí na praia e prestava serviços particular­es a ele em Angra dos Reis (RJ), onde tem casa de veraneio.

A reportagem voltou ao local em 13 de agosto e comprou com a secretária parlamenta­r de Bolsonaro um açaí e um cupuaçu, em horário de expediente da Câmara dos Deputados. Após esta segunda visita, a secretária parlamenta­r foi exonerada.

Desde a primeira reportagem, publicada em 11 de janeiro, Bolsonaro vem dando diferentes e conflitant­es versões sobre a assessora para tentar negar, todas elas não condizente­s com a realidade.

O caso foi mencionado novamente por ele em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, anteontem.

Segundo Bolsonaro, a assessora estava em férias quando o jornal visitou o local pela primeira vez, em janeiro. Ele não disse, porém, que a reportagem retornou ao local em agosto.

“Tem uma senhora de nome Walderice, minha funcionári­a, que trabalhava na vila histórica de Mambucaba, e tinha uma lojinha de açaí. O jornal Folha de S.paulo foi lá neste dia 10 de janeiro fez uma matéria e a rotulou de forma injusta como fantasma. É uma senhora, mulher, negra e pobre. Só que nesse dia 10 de janeiro, segundo boletim administra­tivo da Câmara de 19 de dezembro, ela estava de férias.”

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Lucas Landau - 2.mai.2018/folhapress Fachada da loja de açaí de Walderice Santos da Conceição, de 49 anos, em Mambucaba, Rio de Janeiro; inquérito corre sob sigilo desde o mês passado
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Li Ming - 28.out.18/xinhua O presidente eleito Jair Bolsonaro durante uma entrevista ao Jornal Nacional na segunda-feira

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