Fala de Bolsonaro sobre a Folha preocupa associações de imprensa
Associações de jornalistas profissionais e organizações de defesa dos direitos humanos manifestaram repúdio às afirmações do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) contra o jornal Folha de S.paulo em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo.
“No que depender de mim, imprensa que se comportar de maneira indigna não terá recursos do governo federal”. E completou: “Por si só esse jornal [Folha] se acabou”, afirmou.
O apresentador e editorchefe do noticiário William Bonner em seguida defendeu o jornal. “A Folha é um jornal sério, é um jornal que cumpre um papel importantíssimo na democracia brasileira, é um papel que a imprensa profissional brasileira desempenha e a Folha faz parte desse grupo da imprensa profissional brasileira”, disse.
Para as organizações, Bolsonaro não deveria cogitar usar cortes de verbas oficiais para retaliar jornais.
Marcelo Rech, presidente ANJ (Associação Nacional de Jornais) e vice-presidente do Fórum Mundial de Editores, disse que é preocupante que o presidente eleito tenha reiterado a intenção de usar o corte de verbas publicitárias oficiais como forma de punição quando discorda.
“Os investimentos do governo em publicidade, como qualquer outra verba pública, devem seguir sempre critérios técnicos, e não políticos ou partidários”, afirmou.
O presidente nacional da OAB, Claudio Lamachia, lembrou que a liberdade de imprensa ajuda a assegurar acesso à informação de qualidade. “A liberdade de imprensa é garantida pela Constituição para que a sociedade tenha efetivado seu direito a ter informações de qualidade, críticas”.