Juiz que prendeu Lula se inspirou em ação italiana
Sergio Moro, futuro ministro do governo Bolsonaro, fez da Lava Jato a sua principal missão
Futuro ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro (PSL), o juiz Sergio Moro, 46 anos, fez da Operação Lava Jato sua principal missão e credencial nos últimos anos.
Atraindo para si o papel de combatente da corrupção no país, o titular da 13ª Vara Federal de Curitiba foi alçado ao posto de herói por parte da opinião pública, mas também coleciona críticas por decisões controversas.
Aceitar o convite para assumir a pasta da Justiça na gestão do presidente eleito, ontem, foi só o mais recente capítulo da série de polêmicas envolvendo seu nome.
Paranaense de Maringá, Moro trabalhou no início em escritórios de direito tributário. Em 1996, aos 24 anos, tornou-se juiz federal, especializando-se em casos de lavagem de dinheiro.
Em 2003, começou seu primeiro grande caso, a investigação sobre a remessa ilegal ao exterior de cerca de US$ 30 bilhões (cerca de R$ 110 bilhões, atualizados) via Banestado, banco estatal do Paraná. Nele, aprofundou conhecimentos sobre lavagem e colaboração com outros países, principalmente os EUA, onde estudou.
O caso Banestado é considerado um embrião da Lava Jato. O esquema foi o responsável por colocou o magistrado na cola do doleiro Alberto Youssef pela primeira vez. Youssef fez um acordo de delação premiada na época, mas acabou preso em março de 2014, no estopim da operação que prendeu lideranças partidárias e donos de empreiteiras.
Na Lava Jato Moro colocou em prática as experiências que aprendeu com a Operação Mãos Limpas, megainvestigação que desvendou um esquema de corrupção na Itália nos anos 1990. As duas apurações são caracterizadas pelo estímulo a delações premiadas e pela rapidez nos julgamentos.
Condenação
Em julho de 2017, o juiz condenou o ex-presidente Lula a 9 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex de Guarujá (86 km de SP).
Em abril deste ano, o juiz decretou a prisão de Lula, cumprida num momento em que o petista aparecia em primeiro lugar nas pesquisas para a eleição de outubro. Apoiadores do ex-presidente viram na atuação do juiz no caso falta de imparcialidade e interesse em prejudicar a principal liderança da esquerda no país, o que Moro sempre negou.