Petistas criticam decisão de magistrado ir para governo
Lideranças do partido dizem que convite aceito por Sergio Moro evidencia a parcialidade de juiz
Petistas criticaram ontem a decisão do juiz federal Sergio Moro de aceitar o convite do presidente eleito Jair Bolsonaro para assumir o Ministério da Justiça.
Tanto a direção do PT quanto lideranças da sigla reiteraram que o magistrado atuou de forma parcial durante a Operação Lava Jato. Membros pediram a libertação do ex-presidente Lula (PT), condenado pelo juiz em julho de 2017.
O advogado Cristiano Zanin Martins, que defende Lula nas ações da Lava Jato em Curitiba, disse que a confirmação de Moro como ministro de Bolsonaro é prova de que o ex-presidente foi preso “com o claro objetivo de interditá-lo politicamente”.
A presidente do PT, senadora e deputada eleita Gleisi Hoffmann (PR), afirmou em uma rede social que o juiz “ajudou a eleger [Bolsonaro], vai ajudar a governar”.
Ex-ministro da Justiça no governo Dilma Rousseff, José Eduardo Cardozo disse que está “estupefato, absolutamente espantado”.
Um agravante, na avaliação do ex-ministro, é que conversas sobre a eventual participação do juiz no governo tenham começado ainda durante a campanha, como revelou o vice de Bolsonaro, general Hamilton Mourão (PRTB).
A defesa , em nota, disse que “tomará as medidas cabíveis no plano nacional e internacional” para reforçar o direito do ex-presidente a um julgamento justo, imparcial e independente.
Outros
Mas a indicação de Moro para o governo Bolsonaro recebeu elogios. O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, disse ontem preferir que a pasta continuasse desvinculada do Ministério da Justiça, mas elogiou a escolha de Moro para o superministério de Justiça. “Espero e faço votos que [Moro] tenha sucesso e que essa cruzada contra a corrupção e o crime [aconteça]. O que eu puder fazer [farei]”, disse Jungmann.
O procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato no Ministério Público Federal do Paraná, que considera a decisão de Moro positiva e uma oportunidade para “construir uma sociedade com mais democracia e mais segurança”.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que Moro ajudará o país se combater a corrução e que preferiria vê-lo no STF (Superior Tribunal Federal).