Agora

Supremo vê o convite com cautela

- (FSP)

A aproximaçã­o do juiz Sergio Moro com o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) é vista com cautela nos bastidores do STF (Supremo Tribunal Federal).

O ministro Marco Aurélio disse que a opção do juiz de aceitar o Ministério da Justiça deve ser respeitada como uma escolha pessoal. Luiz Fux afirmou em nota que Moro é um “excelente nome” para a pasta.

No entanto, colegas do tribunal afirmam que a decisão política do juiz deverá ser levada em conta na hora de analisarem os recursos de suas decisões que chegarem ao Supremo.

Dois ministros afirmam que a mudança vai permitir ao PT ampliar o discurso de vitimizaçã­o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Outro ministro não quis se pronunciar por considerar que o Supremo vai ter de analisar jurisdicio­nalmente o assunto, uma vez que o tema deverá constar dos argumentos da defesa do expresiden­te Lula para sustentar a falta de imparciali­dade de Sergio Moro.

Magistrado­s destacam que o vice-presidente eleito, general Hamilton Mourão (PRTB), disse que Moro encontrou com o futuro ministro da Fazenda, Paulo Guedes, ainda durante a campanha. Este fato, acrescenta­m, será explorado politicame­nte pelo PT no Judiciário. Além disso, afirmam, a comunidade jurídica internacio­nal já começa a questionar o fato de o presidente eleito nomear o juiz que condenou seu principal adversário.

Outro integrante da corte não descarta que a movimentaç­ão de Moro para o Ministério da Justiça seja estratégia para dar verniz à sua nomeação para o STF —ao menos duas vagas devem ser abertas, em 2020 e 2021, com a aposentado­ria compulsóri­a dos ministros Celso de Mello e Marco Aurélio, respectiva­mente.

Em caráter reservado, um ministro disse que, mesmo à frente do Ministério da Justiça, Moro não vai ter controle sobre ações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, e isso pode gerar desgaste do magistrado com o governo Bolsonaro.

Já Fux declarou abertament­e que Moro vai prestigiar “a independên­cia da Polícia Federal, do Ministério Público e do Judiciário” ao “imprimir no MJ a sua marca indelével no combate à corrupção e na manutenção da higidez das nossas instituiçõ­es democrátic­as”. “A sua escolha foi a que a sociedade brasileira faria”, disse.

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Keiny Andrade - 29.ago.18/folhapress O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso vê chance de combate à corrupção com novo ministro

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