Agora

Camila, Jorge e Henrique

- Marcos Guedes

Helder, amigo alvinegro da coluna, terminou o último domingo desolado. A euforia da véspera, com o gol de bicicleta anotado pelo ídolo Danilo, deu lugar à preocupaçã­o com o mundo em que seu filho Henrique, de dois anos, passará a viver.

Embora as cores sejam diferentes, a situação é parecida com a de outro amigo, William —tão verde que sente enorme orgulho do apelido Shrek. As lágrimas recentes não foram derramadas por causa do Palmeiras.

Sua Camila nasceu há dois meses. Ao vê-la risonha no berço, nesta semana, abraçada a um Shrek de pelúcia, o ogro de carne e osso mostrou ser de carne e osso.

A tristeza, porém, rapidament­e foi trocada por outro sentimento. William recordou os valores que aprendeu com Expedito e se compromete­u a explicar à pequena paulistana: “Você é paraibana, palmeirens­e e lutadora”.

Camila não é uma fraquejada. É o maior orgulho de Shrek. Quando o juiz de vídeo anulou gol do Palmeiras, na última quarta, ele deu bicos em sua cadeira no estádio e, em seguida, começou a pensar se a filha também estava frustrada, em casa, no colo da mãe.

Tudo bem, não houve esse pensamento. Isso foi um floreio ridículo em um relato que estava fidedigno até o gol cancelado. Porém não é mentira que a gente se apega a quem importa na hora em que tudo dá errado.

Foi por isso que Helder, aquele mesmo do início da coluna, pensou muito em Henrique quando recebeu a péssima notícia do último domingo. Vinte e quatro horas depois, o corintiano já estava com outro filho no colo.

Maravilhos­o, por mais que o cenário seja sombrio. Jorge, nascido na segunda, agora é parceiro de Henrique. São eles que farão o Brasil. Não sem a ajuda —ou a liderança— de Camila. Confio neles.

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