Bolsonaro aumentou ataques à imprensa no último mês
Presidente eleito atacou veículos de comunicação dez vezes por semana na reta final da eleição
Jair Bolsonaro atacou a imprensa dez vezes por semana durante o mês de outubro, na reta final da campanha, de acordo com análise feita pela reportagem em mensagens que ele publicou nas redes sociais, pronunciamentos e entrevistas.
O levantamento encontrou registros de 129 ataques desde o início do ano e mostra que eles se intensificaram no último mês, período em que ocorreram 45 episódios, um terço do total.
Foram contabilizadas 39 acusações de falsidade e 38 denúncias de partidarismo dirigidas a veículos de comunicação e jornalistas específicos, além de 49 mensagens genéricas em que o capitão reformado do Exército deixou explícito o objetivo de estimular o descrédito na imprensa. Houve também três ameaças dirigidas ao jornal Folha de S.paulo.
Bolsonaro disse que cortaria verbas publicitárias do governo destinadas ao jornal em duas ocasiões antes da eleição e reafirmou sua disposição numa das primeiras entrevistas concedidas na condição de presidente eleito, na última segunda.
“Na propaganda oficial do governo, imprensa que se comportar dessa maneira, mentindo descaradamente, não terá apoio do governo federal”, disse Bolsonaro ao ser questionado pelo Jornal Nacional, da TV Globo.
Em agosto, em entrevista ao mesmo Jornal Nacional, o capitão reformado afirmou que a TV Globo dependia de publicidade oficial para sobreviver, mas não ameaçou cortar anúncios da emissora. A Globo informou que a publicidade do governo federal e de suas estatais representa menos de 4% de suas receitas publicitárias.
Braço direito de Bolsonaro, o advogado Gustavo Bebianjá disse que o presidente eleito tem o direito de criticar a imprensa, especialmente se for “atacado em algum momento de forma fora de uma linha de normalidade”, e rejeitou a caracterização dessas críticas como ataques. “Faz parte da democracia.”
Na quinta-feira, representantes da Folha e de outros cinco veículos foram barrados numa entrevista coletiva de Bolsonaro.
O presidente eleito se manifestou sempre que se viu atingido por reportagens críticas, como levantamentos sobre a evolução de seu patrimônio e a descoberta de uma funcionária fantasma de seu gabinete em Angra dos Reis (RJ).