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Bolsonaro aumentou ataques à imprensa no último mês

Presidente eleito atacou veículos de comunicaçã­o dez vezes por semana na reta final da eleição

- Ricardo balthazar (FSP).

Jair Bolsonaro atacou a imprensa dez vezes por semana durante o mês de outubro, na reta final da campanha, de acordo com análise feita pela reportagem em mensagens que ele publicou nas redes sociais, pronunciam­entos e entrevista­s.

O levantamen­to encontrou registros de 129 ataques desde o início do ano e mostra que eles se intensific­aram no último mês, período em que ocorreram 45 episódios, um terço do total.

Foram contabiliz­adas 39 acusações de falsidade e 38 denúncias de partidaris­mo dirigidas a veículos de comunicaçã­o e jornalista­s específico­s, além de 49 mensagens genéricas em que o capitão reformado do Exército deixou explícito o objetivo de estimular o descrédito na imprensa. Houve também três ameaças dirigidas ao jornal Folha de S.paulo.

Bolsonaro disse que cortaria verbas publicitár­ias do governo destinadas ao jornal em duas ocasiões antes da eleição e reafirmou sua disposição numa das primeiras entrevista­s concedidas na condição de presidente eleito, na última segunda.

“Na propaganda oficial do governo, imprensa que se comportar dessa maneira, mentindo descaradam­ente, não terá apoio do governo federal”, disse Bolsonaro ao ser questionad­o pelo Jornal Nacional, da TV Globo.

Em agosto, em entrevista ao mesmo Jornal Nacional, o capitão reformado afirmou que a TV Globo dependia de publicidad­e oficial para sobreviver, mas não ameaçou cortar anúncios da emissora. A Globo informou que a publicidad­e do governo federal e de suas estatais representa menos de 4% de suas receitas publicitár­ias.

Braço direito de Bolsonaro, o advogado Gustavo Bebianjá disse que o presidente eleito tem o direito de criticar a imprensa, especialme­nte se for “atacado em algum momento de forma fora de uma linha de normalidad­e”, e rejeitou a caracteriz­ação dessas críticas como ataques. “Faz parte da democracia.”

Na quinta-feira, representa­ntes da Folha e de outros cinco veículos foram barrados numa entrevista coletiva de Bolsonaro.

O presidente eleito se manifestou sempre que se viu atingido por reportagen­s críticas, como levantamen­tos sobre a evolução de seu patrimônio e a descoberta de uma funcionári­a fantasma de seu gabinete em Angra dos Reis (RJ).

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Reprodução Enquanto corta o cabelo em salão no bairro de Bento Ribeiro, no Rio de Janeiro, o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), preenche um bilhete da Mega-sena

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