Escola sem sentido
Verdade seja dita, alguns professores abusam da relação de confiança com os alunos e querem fazer propaganda de esquerda em suas aulas.
Mas isso não significa que todos querem fazer doutrinação político-partidária. Nem que a melhor solução para o problema seja uma lei para proteger os estudantes.
O projeto conhecido como Escola sem Partido, que aguarda votação na Câmara dos Deputados, busca proibir que os mestres discutam questões políticas em sala ou induzam crianças e adolescentes a participar de atos de protesto.
O movimento ganhou força com a vitória de Jair Bolsonaro (PSL). Uma deputada estadual eleita em Santa Catarina, do mesmo partido, pediu nas redes sociais que pais e alunos denunciassem docentes que tivessem reclamado do pleito presidencial.
Atitudes como essa podem gerar uma verdadeira caça às bruxas nas escolas, pois qualquer debate em sala poderá ser entendido como tentativa de doutrinar.
Os eventuais excessos no discurso de professores devem merecer a atenção dos pais e dos diretores, claro. A solução não é fácil, mas o caminho da censura é pior.
O Supremo Tribunal Federal já suspendeu, por liminares, leis estaduais e municipais com esse teor. É um sinal de que deverá derrubar também uma eventual legislação federal.
Os simpatizantes do Escola sem Partido se dizem defensores do pluralismo, mas no fim das contas podem impor uma visão do bem contra o mal, o que não ajuda crianças e adolescentes a entender um mundo que é complexo. Assim, a escola não faz sentido. Grupo Folha