Dulcídio no Timão
Contestar a legitimidade das glórias alheias é um dos esportes favoritos dos torcedores. Com ou sem razão, eles fazem questão de recordar um pênalti maroto dado ao campeão ou aquele impedimento estranho marcado contra o vice.
Até as campanhas mais arrasadoras são postas em xeque. Melhor ataque, melhor defesa, melhor mandante e melhor visitante, o Corinthians assegurou o título brasileiro de 2015 com grande antecedência. Mas o campeonato, para os rivais, foi “manchado”, até hoje não se sabe bem por quê.
Também é depreciada, para permanecer no Corinthians, a maior vitória da história alvinegra. Afinal, foi vista com suspeita a transferência de Rui Rei após a final do Campeonato Paulista de 1977.
Destemperado, o atacante da Ponte Preta foi expulso no início do jogo decisivo. Cinco meses depois, estreava pelo clube do Parque São Jorge, levantando dúvidas sobre seu comportamento.
“Quem seria burro de comprar um jogador desonesto?”, perguntou o carioca, já no novo time. O questionamento não o livrou de ser sempre ligado ao cartão vermelho.
Indagado sobre a contratação, o presidente Vicente Matheus procurou evitar o constrangimento dizendo que Rui Rei merecia nova chance. Constrangimento que seria muito maior se o anúncio fosse de Dulcídio Wanderley Boschilia, o árbitro da final, como diretor.
Esse convite, claro, nunca foi feito. Dulcídio jamais o aceitaria. E olha que a atuação do juiz na noite de 13 de outubro, correta, não foi contestada por ninguém.
Este texto não transborda originalidade e tem inspiração em Juca Kfouri. Findo o quase plágio, para alívio geral, a coluna para por duas semanas.