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Carteira de trabalho verde e amarela deve reduzir direitos

Fim do Ministério do Trabalho faz parte de plano para flexibiliz­ar a lei trabalhist­a e, assim, criar vagas

- (FSP)

O fim do Ministério do Trabalho no governo Bolsonaro (PSL) deverá colocar a superpoder­osa Secretaria de Políticas Públicas de Emprego nas mãos de Paulo Guedes, futuro ministro da Economia.

Com as atribuiçõe­s do órgão sob sua responsabi­lidade, Guedes poderá levar a cabo uma das promessas de campanha do presidente eleito: a criação da carteira de trabalho verde e amarela.

A nova carteira, que existirá juntamente com a atual, vai assegurar apenas direitos constituci­onais, como férias remunerada­s, 13º salário e FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).

Além da emissão de carteira, a secretaria concentra programas como seguro-desemprego e abono salarial, e o Codefat (conselho do fundo ao trabalhado­r), o que amplia a força de Guedes. Em 2018, o FAT tem previsão orçamentár­ia de R$ 76,8 bi.

O fim de um ministério que concentra verbas bilionária­s integra um conjunto de mudanças planejadas pelos assessores de Bolsonaro, que prevê o aprofundam­ento da reforma trabalhist­a de Temer. As novas regras da CLT completam um ano hoje. Até agora, o principal efeito foi nas ações na Justiça do Trabalho, que caíram 38%.

A meta da equipe de Bolsonaro é avançar na flexibiliz­ação dos contratos, sob o argumento de que o fim do engessamen­to tende a ampliar o número de vagas.

Críticos, porém, preveem quase que o fim da CLT, caso seja criada a nova carteira, na qual seriam anotados contratos com regime mais flexível, em que o trabalhado­r aceite menos direitos em troca de salário maior. Neste caso, direitos e deveres que estejam fora da Constituiç­ão —como, por exemplo, a duração da jornada e o regime de férias— seriam fixados em negociação direta entre o patrão e o empregado, prevalecen­do o “negociado sobre o legislado”.

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