Vala comum
Craque nas quatro linhas, Raí, o principal homem da diretoria de futebol do São Paulo, derrapou feio no caso que culminou com a demissão do técnico Diego Aguirre. Tudo começou com a sua entrevista raivosa, no último sábado, após o empate com o Corinthians, em Itaquera. A irritação do cartola foi porque os tricolores não souberam aproveitar a vantagem de um homem a mais.
Raí jogou para a torcida e expôs os atletas. Segundo o dirigente, o futebol apresentado foi muito ruim, principalmente no 11 contra dez. Vale lembrar que, na primeira etapa, o Timão teve um gol mal anulado e um pênalti não marcado. No segundo tempo, os sãopaulinos foram dominados pelo dono do espetáculo.
Pouco mais de 24 horas depois, o São Paulo anunciou a demissão do técnico Diego Aguirre. A cinco jogos para encerrar o contrato, o comandante uruguaio teve abreviada a sua permanência. Todo gestor sabe o que é melhor para a sua instituição. O problema é a forma como essas decisões são tomadas. Mais na emoção do que com a razão.
Com a classificação à fase de grupos da Libertadores ameaçada, Raí então usou a via mais fácil para acalmar conselheiros e torcedores. Demitiu o técnico, mas sabe-se que o problema do São Paulo é mais embaixo. As carências do elenco são gritantes e, por isso, foi difícil acompanhar o líder Palmeiras, que venceu os dois encontros. O segundo, no Morumbi, com a escalação do mistão.
Apostar em medalhões de solução virou problema. O caso do atacante Nenê é emblemático. O jogador, 37 anos, agiu com egoísmo. Falou demais e a diretoria passou a mão na cabeça. Qual técnico é respeitado quando um dos líderes não é punido energicamente? Raí, o cartola, entrou na vala comum.