Reforma só amanhã
Parece que os políticos, a começar pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), não vão mesmo querer saber de mudanças na Previdência neste ano.
Como disse Bolsonaro, o assunto é “complicado” e precisa ser visto com atenção aos beneficiários. “Você tem que ter o coração nessa reforma também, não são apenas números.”
Sem dúvida, mexer nos direitos da população sempre dá polêmica. Imagine a dificuldade para juntar 308 dos 513 deputados (o mínimo necessário em caso de mudança na Constituição), no final do mandato, e votar um projeto que vai desagradar a muita gente.
A tarefa também é inglória porque o presidente eleito quase não tratou do tema durante a campanha. Seu programa de governo previa, sem muitos detalhes, uma reforma diferente da proposta pelo governo Michel Temer (MDB).
Fica esquisito, agora, tentar correr com o texto que tramita na Câmara. E não vai ser Temer, que já não apita mais nada, a mobilizar os parlamentares.
Só que não vai dar para empurrar esse assunto com a barriga por muito tempo. As despesas com aposentadorias não param de crescer, tanto no INSS como nos regimes dos servidores públicos federais, estaduais e municipais.
Instituir uma idade mínima para o acesso ao benefício não gera uma grande economia de imediato, mas pelo menos indica que as contas não vão piorar tanto nos próximos anos.
Quanto mais demorar a reforma, maior o risco para os aposentados no futuro. É uma questão de usar a cabeça. Grupo Folha